NOTA INTRODUTÓRIA, SEM "ROUBAR"

Vou iniciar hoje a minha colaboração com os "pardalitos do choupal", "cedendo" ao pedido do Mário Castro, amigo que prezo e estimo. E digo "cedendo" porque a disponibilidade não é muita, mas só o gozo e o prazer de escrever num espaço livre, arejado e verdadeiramente Académico como este me "indeminiza" do tempo que vou ter que "roubar" a outras tarefas.
Quando falo em "roubar" não estou a pensar em ninguém em particular, nem sequer nos árbitros que infelizmente muitas vezes são os "bombos da festa", mas as mais das vezes por culpa própria.
Aliás seria interessante debatermos neste espaço, a qualidade da nossa arbitragem e as razões porque todas as semanas temos um verdadeiro "chorrilho" de asneiras. Mas para que não pensem que todos os árbitros são uma "cáfila" de incompetentes e desonestos, vou contar-vos uma pequena história passada na minha multifacetada vida e que prova que ainda há "apitadores" com A grande (de apito, claro!).
Fui durante cerca de 3 meses, treinador (digo eu) da equipa de futebol do S.Silvestre, terra amiga e hospitaleira, a caminho da Figueira da Foz encostada a S.João do Campo, com quem havia uma rivalidade "assanhada".
Num desses disputados "derbies" que às vezes nem precisavam de bola para serem jogados, e com o resultado empatado já muito próximo do fim, o árbitro, um "calmeirão", gordo, bonacheirão e completamente "artrósico",presumo que funcionário na altura, da antiga firma de electrodomésticos ABDuarte na "baixa" da nossa cidade, assinalou do meio do campo, uma grande penalidade contra nós, sem que ninguem vislumbrasse razões para isso.
Encurtando razões. A grande penalidade foi repetida 3 vezes, repito 3 vezes!!!
No fim do jogo, já retemperado com um banho frio, encontrei o referido árbitro com a barriga em cima do balcão do improvisado bar do S.João. Aproximei-me afectivamente e com "encenada" revolta perguntei-lhe:
"Então sr.árbitro, mandou repetir o penalty 3 vezes a que propósito?
O calmeirão puxou-me para o lado, e com a sua voz cava e embargada do "bagaço" diz-me sem hesitar:
"Tinha que ser golo. Estava em divida com o S.João há mais de meio ano". E perante a minha admiração, nem me deixou reagir:
"Não se preocupe. Já falei com o Adelino ( o nosso Presidente) e já está na minha agenda. No próximo jogo que vos arbitrar em casa (pois não, quem tem cú tem medo)serão compensados da mesma maneira. Olhe que ando na arbitragem há mais de 25 anos e ninguém tem razão de queixa de mim. Sou um homem de palavra(sic)."
Respirei fundo, afivelei um sorriso de circunstância e respondi-lhe:
"Era incapaz de duvidar da sua palavra. Tenho a certeza que estou na presença de uma pessoa honesta".
NOTA FINAL: Para que acreditem. 1 mês depois, jogamos em casa com o Ribeirense e ganhamos 3 a 2. Um dos nossos golos foi de penalty e entrou... à 2ª tentativa.
AINDA HÁ ÁRBITROS DE PALAVRA E VERDADEIRAMENTE HONESTOS.