Uma apresentação (breve) e um desejo (imenso)

Como poderia dizer que não à proposta de falar da Briosa como e quando me aprouver? Como recusar quando,não obstante as salutares divergências,emerge em todos nós uma paixão comum?
Quem é este gajo?perguntarão muitos de vós.
Pois bem,sou o António José Romão,licenciado em Direito por Coimbra,a exercer a actividade de Procurador da República em Matosinhos,cargo que jamais invocarei enquanto postar e/ou comentar.Para que fique claro:aqui,agora e no futuro sou apenas o Romão.OK?
Para os mais velhos:sou o filho do Romão da tasca da Alta,lugar por onde passaram centenas e centenas de estudantes e futricas que, ao fim da tarde, e bastas vezes até de madrugada,se envolviam em calorosas discussões que iam da política ao futebol,toldados pela ingestão de algum "tintol" a mais do que a conta(só tinto que o branco só servia para lavar os pés e a cerveja era para um ou outro mais endinheirado)."Espaço" que era fundamentalmente de amizade e fraternidade.
Recordo,com saudade,os infindáveis e sempre repetidos argumentos nas disputas entre Académica e a malta da arregaça,às vezes bem violentas,mas que saravam invariavelmente com mais uma "rodada".

Foi, portanto, ali, na Couraça dos Apóstolos que cresci.Calcorreei as ruas que levavam à Escola da Almedina.Andei no D.JoãoIII e intervalei duas temporadas no Colégio de S.Pedro já que se avisinhava chumbo do grosso no 5º ano liceal.Por essa altura joguei(?) futebol na AAC durante 3 anitos,como juvenil e júnior,e tive como treinadores duas grandes glórias da Briosa:o saudoso Prof.Bentes e o Mister Crispim.Quando equipei pela 1ª vez de preto,no Santa Cruz,chorei.Ainda sou do tempo da laranjada no final do jogo qualquer que fosse o resultado.Desde muito menino comecei a ver os jogos da Académica levado pelo meu Pai,esse imenso futrica doutorado pela Universidade da Vida.De futebol e de basquetebol, sendo este praticado no campo de asfalto do Santa Cruz,ao ar livre, e no ginásio do D.JoãoIII ( perguntem ao Santarino se tiverem dúvidas ).

Na época de 66/67 vi os nossos jogos de futebol todos.E percebi que enquanto o preto fosse preto jamais seríamos beneficiados pelos árbitros(?):eles foram,são e serão sempre contra nós.Está-lhes na massa do sangue ou, como diria o grande Amigo Ferrão "é-lhes endógeno".

Sou,portanto,preto e bem preto.De tal forma que nunca gostei do equipamento alternativo(dava galo,díziamos).

Porém, em 1969,nas meias-finais da Taça de Portugal,com o Francisco Andrade a treinador,eliminámos a lagartada.Na 1ª mão,no campo deles, jogámos de branco com fumo preto na manga da camisola para realçar o luto académico.Na 2ª mão,no Municipal,fizemos o golo salvador (Rui Rodrigues ?) na baliza do lado do Calhabé!

Na próxima 4ª feira iremos por certo jogar de preto - afinal a minha cor.

Mas não de luto,apesar da sucessão de acontecimentos recentes que muito nos ensombram.

Bem sei que a História não se repete.Mas os resultados sim! E também a vontade e o querer dos nossos atletas.

Há 37 anos chovia.O Municipal estava cheio e nos 90 minutos só um grito ritmado se ouvia:

A-CADÉ-MI-CA,A-CADÉ-MI-CA,A-CADÉ-MI-CA.

Seremos capazes de reincidir?

Até ao Jamor companheiros.

P.S. A opinão anónima não me incomoda e, nalgumas circunstâncias,até me parece útil.

O que incomoda são aqueles que,sob a capa do anonimato,despejam insultos as mais das vezes gratuitos.

Evidentemente que ignorarei estes últimos.Hoje e sempre.

ACADÉMICA,ACADÉMICA,ACADÉMICA,VAMOS AO GOLO MALTA