EU MINTO

Em pequeno brincava, correndo com uma roda de bicicleta impulsionando-a com uma gancheta; já cansado, mas não farto da brincadeira lá chamava o Valentim para uma jogatina de bilharda; ainda não exausto pela doçura da folia, nada melhor que roubar uns ovos ao galinheiro e acabar o dia “à cega”. Mas a energia abundava e os passaritos ora voavam, ora aterravam no milheiral. Porque não apanha-los no “costelo”? Melhor pensado, melhor feito. Há que ir arranjar o engodo que estava mesmo ali; um canivete e um milheiro por terra: não tem bicho, outro milheiro e outro e outro…… armado o costelo era tempo de regressar a casa e descansar.
Dia seguinte: meu Pai, triste e amargurado, pergunta-me se eu sabia se algum dos meus amigos tinha feito “tal trabalho ao milho”. Respondi que não. Ele acreditou no seu querido filhote. Fiquei aliviado; afinal a mentira funcionava o que contrariava o que ele sempre me dizia dando como exemplo os mentirosos conhecidos lá da terra (dois ou três).
Neste mesmo dia levo para casa o passarito apanhado. Peço à minha mãe para o fritar e, nesse preciso momento, quem começou a ser “frito” fui eu, tal o ardor provocado nas costas, no rabo, nas pernas, em tudo o que era sítio. Aturdido com dores e no intervalo dos gritos e dos soluços, resultado da meiguice do rabo de boi já seco e bem ensebado, só ouvia MENTIROSO.

Roda de bicicleta – OAF
Ganchetas - TBZ, Repsol, Finibanco, Dolce Vita, Bingo Plus.
Belharda – Equipa de Futebol
Ovos do galinheiro – envelopes recheados.
Passaritos – sócios do OAF.
Costelo – Assembleia-geral
Milheiro - Presidente do Conselho Fiscal

E quem sou eu?
Obviamente o Presidente.