SOCORRO
Tudo, ou quase tudo, para sermos precisos, se passou como ELE havia previsto. Exactamente à hora marcada, nem um minuto antes, nem um minuto depois, o emissário da associação de faquistas telefonou para ouvir o que ELE tinha para dizer.
O emissário que queria ser presidente, mas só se houvesse dinheiro, desobrigou-se com nota alta desta incumbência que lhe havia sido abjudicada, foi firme e claro, persuasivo na questão fundamental, isto é, DINHEIRO.
A resposta foi imediata, que aliás conta, ainda, com a fortíssima garantia de que ninguém está interessado em abrir a boca, há DINHEIRO.
Quando se segue uma estratégia bem definida e se conhece com suficiência os dados da questão, não é difícil traçar uma linha de acção. Está claro que a explicação aceitável não poderá ser que os faquistas passaram a tomar conta do negócio. Assim foi, embora o mesmo possa ser dito em termos mais escolhidos.
O que interessa, diz o emissário, é o facto de que acabaremos ganhando, nós, que lhes tiramos um peso de cima, anulando os cheques carecas, sem assinaturas, uma vez que se trata de um acordo de cavalheiros, prescindindo, como nos explica o dicionário, de formalidades legais, e, de passagem, assim como não quer a coisa, aproveitaremos, de futuro, as ocasiões para informar, sempre, que não temos qualquer responsabilidade no facto lamentável de, a cada passo, encontrarmos em péssimo estado de saúde as contas.
Os gajos, lá fora, não fazem a menor ideia do retorcido e maligno que é o espírito dos faquistas. Em primeiro lugar, não marcam um prazo, deixando sobre ferro incandescente aqueles que esfaqueamos. Em segundo lugar, quando ao cabo de alguns anos lhes ocorre que deverão questionar o que se passa, constatarão que ainda não chegaram a uma plataforma conciliatória tolerável: a passagem da condição de mortos-vivos para a condição de vivos-mortos. E não verão maneira de fugir a esta disjuntiva.
É exactamente isso que pretendo, retorquiu-lhe ELE: pegamos e não largamos.
Assim sucedeu, assim acontece.
Colocados, então, perante uma complexa operação de longa duração utilizaram para tal as suas facas preferidas, corrupção, suborno, intimidação, aproveitamento dos serviços.
Serviços. Foi esta pedra de súbito atirada ao meio do caminho que esbarrou com a estratégia de longo prazo, com grave dano para ELE que ficou entalado entre a espada e a parede, entre sila e caribles, entre a cruz e a caldeirinha. O pior de tudo é que as coisas haviam ido demasiado longe para que se possa, agora, voltar atrás.
Como não podia deixar de ser, isto significa o regresso a quartéis da maior parte das forças, o que, se é verdade ter dado um alegrão à tropa rasa, incluindo cabos e furriéis, fartos, todos eles, de só os mandarem fazer limpeza às latrinas, veio causar um declarado descontentamento na classe dos sargentos, pelos vistos mais atentos que o resto do pessoal da importância dos valores de honra da Negra e do serviço que presta à comunidade. No entanto, se o movimento capilar desse desgosto ascender à classe dos oficiais, capitães, a Negra tornará a ganhar a força, e muita.
A seu tempo conheceremos os motivos desta provação da Negra, entretanto vamos pôr os rosários a trabalhar.
Claro que ninguém se atreve a dizer em voz alta a perigosa palavra QUERO SER, mas, quando debatem uns com os outros, não podem evitar a lembrança de como uma entrevista recente, com todos os necessários timbres e carimbos opostos, um papel em que, expressamente se autoriza a deslocação do padecente para um destino não especificado.
O nervosismo de que os internos vigilantes da Negra estão a dar claras mostras, uns mais que outros, é certo, mas todos de tal maneira que mais parecem estar a deitar uma garrafa ao mar com um papel lá dentro a pedir socorro.
Socorro. Algo que terão que dizer para tornar atractiva a NEGRA. Elevem-na. Eleven é, já, uma boa data.
O emissário que queria ser presidente, mas só se houvesse dinheiro, desobrigou-se com nota alta desta incumbência que lhe havia sido abjudicada, foi firme e claro, persuasivo na questão fundamental, isto é, DINHEIRO.
A resposta foi imediata, que aliás conta, ainda, com a fortíssima garantia de que ninguém está interessado em abrir a boca, há DINHEIRO.
Quando se segue uma estratégia bem definida e se conhece com suficiência os dados da questão, não é difícil traçar uma linha de acção. Está claro que a explicação aceitável não poderá ser que os faquistas passaram a tomar conta do negócio. Assim foi, embora o mesmo possa ser dito em termos mais escolhidos.
O que interessa, diz o emissário, é o facto de que acabaremos ganhando, nós, que lhes tiramos um peso de cima, anulando os cheques carecas, sem assinaturas, uma vez que se trata de um acordo de cavalheiros, prescindindo, como nos explica o dicionário, de formalidades legais, e, de passagem, assim como não quer a coisa, aproveitaremos, de futuro, as ocasiões para informar, sempre, que não temos qualquer responsabilidade no facto lamentável de, a cada passo, encontrarmos em péssimo estado de saúde as contas.
Os gajos, lá fora, não fazem a menor ideia do retorcido e maligno que é o espírito dos faquistas. Em primeiro lugar, não marcam um prazo, deixando sobre ferro incandescente aqueles que esfaqueamos. Em segundo lugar, quando ao cabo de alguns anos lhes ocorre que deverão questionar o que se passa, constatarão que ainda não chegaram a uma plataforma conciliatória tolerável: a passagem da condição de mortos-vivos para a condição de vivos-mortos. E não verão maneira de fugir a esta disjuntiva.
É exactamente isso que pretendo, retorquiu-lhe ELE: pegamos e não largamos.
Assim sucedeu, assim acontece.
Colocados, então, perante uma complexa operação de longa duração utilizaram para tal as suas facas preferidas, corrupção, suborno, intimidação, aproveitamento dos serviços.
Serviços. Foi esta pedra de súbito atirada ao meio do caminho que esbarrou com a estratégia de longo prazo, com grave dano para ELE que ficou entalado entre a espada e a parede, entre sila e caribles, entre a cruz e a caldeirinha. O pior de tudo é que as coisas haviam ido demasiado longe para que se possa, agora, voltar atrás.
Como não podia deixar de ser, isto significa o regresso a quartéis da maior parte das forças, o que, se é verdade ter dado um alegrão à tropa rasa, incluindo cabos e furriéis, fartos, todos eles, de só os mandarem fazer limpeza às latrinas, veio causar um declarado descontentamento na classe dos sargentos, pelos vistos mais atentos que o resto do pessoal da importância dos valores de honra da Negra e do serviço que presta à comunidade. No entanto, se o movimento capilar desse desgosto ascender à classe dos oficiais, capitães, a Negra tornará a ganhar a força, e muita.
A seu tempo conheceremos os motivos desta provação da Negra, entretanto vamos pôr os rosários a trabalhar.
Claro que ninguém se atreve a dizer em voz alta a perigosa palavra QUERO SER, mas, quando debatem uns com os outros, não podem evitar a lembrança de como uma entrevista recente, com todos os necessários timbres e carimbos opostos, um papel em que, expressamente se autoriza a deslocação do padecente para um destino não especificado.
O nervosismo de que os internos vigilantes da Negra estão a dar claras mostras, uns mais que outros, é certo, mas todos de tal maneira que mais parecem estar a deitar uma garrafa ao mar com um papel lá dentro a pedir socorro.
Socorro. Algo que terão que dizer para tornar atractiva a NEGRA. Elevem-na. Eleven é, já, uma boa data.
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