in Diário Coimbra:A segunda vida do Campo de Santa Cruz

O espaço esteve encerrado durante sete anos, mas agora apresenta condições de eleição para acolher as actividades de diversas secções desportivas da AAC

Valeu a pena esperar. Este terá sido certamente o sentimento da esmagadora maioria dos conimbricenses que ontem fizeram questão de marcar presença na inauguração do Campo de Santa Cruz. Sete anos depois, aquele recinto abre novamente as portas à cidade e à sua Academia. E completamente transfigurado…
De facto, qualquer semelhança entre a infra-estrutura existente em 2000 e a que agora foi apresentada será apenas coincidência. Bancadas, balneários, relvado, e até um bar de apoio – situado no local dos antigos vestiários -, proporcionam um “look” moderno e bastante funcional a um espaço habituado a conviver com a tradição.
O custo final da empreitada foi de um milhão e 220 mil euros, sendo que 420 mil euros foram aplicados na derradeira fase do projecto, a qual incluiu a aplicação dos equipamentos desportivos, nomeadamente do relvado sintético. Mas não se pense que tudo isto “foi feito para” o futebol. Para além do “desporto-rei”, também basebol e rugby irão a partir de agora usufruir do novo tapete verde, enquanto que as secções de ténis, voleibol, badminton, andebol e basquetebol ocuparão a parte superior do campo. Há ainda a possibilidade da AAC/OAF poder, igualmente, deter algumas horas de utilização. Todavia, essa é ainda uma questão que está a ser negociada pela Direcção Geral da AAC e os responsáveis pelo Departamento de Formação do Organismo Autónomo de Futebol.
Uma obra difícil de terminar, ao longo de mais de sete anos, com muitos esforços financeiros, que contou com os apoios do entidades como o Ministério do Ambiente, a Reitoria da Universidade de Coimbra e a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto.
A gestão do recinto ficará a cargo da direcção da AAC, da Reitoria e dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra.

Com pompa e circunstância
Passava pouco das 15h30 quando o mítico Campo Santa Cruz abriu novamente portas. Lá dentro já estavam em actividade elementos representativos das 25 secções desportivas da AAC, o que não só permitiu desde logo percepcionar as valências do novo espaço, como também deu um colorido enorme a uma tarde verdadeiramente festiva.
O descerrar da placa alusiva acabou por dar início à cerimónia protocolar. André Oliveira, presidente da Direcção Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) assumiu a palavra para recordar alguns dos momentos que tornaram aquele espaço um verdadeiro símbolo «do percurso político, cultural e desportivo da comunidade estudantil de Coimbra».
«Noventa anos após a primeira inauguração e sete após o anúncio do concurso público para a sua requalificação, estão finalmente concluídas as profundas obras de remodelação de um campo carregado de simbolismo e que agora dá lugar a uma nova realidade. O nascimento e desenvolvimento de inúmeras secções desportivas da AAC e a própria expansão do desporto em Coimbra conduzem, invariavelmente, ao campo de Santa Cruz. Recordar estes factos é reviver a história de uma instituição que é seguramente a mais eclética agremiação desportiva do país», sublinhou.

Farpa à edilidade…
Por entre palavras de agradecimento a todos os agentes envolvidos no processo, aquele responsável estudantil não deixou “de apontar o dedo” à autarquia conimbricense, na medida em que «o Campo de Santa Cruz não foi contemplado com um dos sete relvados que recentemente a Câmara atribuiu a custo zero a diversas agremiações do concelho».
Antes de terminar, André Oliveira não se esqueceu de mencionar os antigos presidente da DG, «que tudo fizeram para que este sonho se tornasse realidade», lançando ainda um desafio para as próximas direcções: «uma nova utopia nasce hoje: o sonho de edificarmos um pavilhão desportivo destinado às modalidades da AAC, particularmente aos escalões de formação. Às próximas Direcções-Gerais pede-se que criem condições e encontrem os meios para a tornar realidade».

O “distribuidor”
Laurentino Dias
A cerimónia contou também com a presença de Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto. Regressando um pouco ao passado, o governante recordou alguns dos momentos vividos na academia conimbricense, onde não só fez parte da Direcção Geral (1977) como também integrou a equipa de voleibol na década de 70, jogando na posição de distribuidor.
Recordando o «Campo de Santa Cruz do sr. Freixo», o político destacou a importância cada vez mais premente de ter espaços desportivos no coração das cidades, «à mão» das populações.
«Este é um projecto que vai de encontro ao que actualmente defendemos. É uma instalação simples, funcional, multidisciplinar e num ambiente de grande disponibilidade, situado no coração da cidade. Está junto a milhares de pessoas que podem vir aqui para praticar desporto. Trata--se de um espaço de futuro, para acolher a AAC e os jovens da cidade», referiu.
O reitor Seabra Santos manifestou-se agradado pela procura que o espaço já está a merecer - as próximas semanas já têm agenda praticamente lotada -, agradecendo ainda aos intervenientes directos neste processo, casos de «Carlos Encarnação, dos governadores civis, presidentes da DG/AAC, membros do Conselho Desportivo e velhos desportistas».
A inauguração ficou ainda marcada por uma mostra desportiva e cultural das 25 secções da AAC, pela homenagem efectuada aos campeões mundiais universitários de futsal (João Mourão e André Sousa) e também pelo lançamento de um livro da autoria de Carlos Santarém alusivo aquele que será, porventura, o espaço desportivo mais emblemático da cidade do Mondego.