"Pardalitos do Choupal"

Associação Académica de Coimbra

Vitor Santos,jornalista d' A Bola já falecido,foi o primeiro a chamar a Académica "Pardalitos do Choupal", em crónica ao jogo da vitória sobre o Benfica por 3 a 1 na época de 1961/1962

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Contactos

-Pardalitosdochoupal@gmail.com-

 

Informações

Estádio Cidade de Coimbra

Estádio Cidade de Coimbra
Inauguração: 29-10-2003
Lotação: 30000


Ano da fundação: 03-11-1887
Rua Infanta D. Maria, 23 - 3030-330
Nº de sócios: 10336 (em 9/7/2007)
Internet: www.academica.oaf.pt

 

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

O ERRO

A tragédia daquele condenado a ser uma criatura incatalogável, e portanto alheia à fenomenologia do tempo em que vive, mede-se pela crueldade de quem a cumula de pressurosas dúvidas, mesmo que ficcionadas.
E se alguém lho faz notar, encolhe os ombros, responde que vem dar ao mesmo: não respeitar ninguém; não acreditar em ninguém.
“A arte nasce na necessidade e morre na riqueza” – repeti-lhe. Ficou rígido como se tivesse sido atingido por uma saraivada de socos na face. Ainda lhe atirei: os detritos, a realidade, e o maniqueísmo: Que queres dizer por maniqueísmo? Quero dizer-te que dividistes o mundo em dois, a vida em dois: de um lado o bem e do outro o mal, de um lado o belo e do outro o feio. Sim. Aceito. Sim. E a realidade! Que realidade? Surge-me o problema da tua aparente solidão que exclui a vantagem de poderes ser mercadoria de troca, moeda de consumo em nome do equilíbrio no Palácio da Urbe. A quem pertences? Quem está por detrás de ti?
Colérico, brandiste seco: é preciso pôr imediatamente as cartas em cima da mesa; sou um profissional, rigoroso, tudo o que faço e exijo resulta de um laborioso cálculo científico: o matricial, a diferencial e a equação integral. Eu sou integral.
Pois. E os detritos! Que detritos? Os detritos que não cabem nos teus cálculos científicos. Aviso-te: a chave está nos detritos.
E, se não era verdadeiro o que dizias, haverias que fazer qualquer coisa para que parecesse verdadeiro ou se tornasse verdadeiro.
Detritos. Os detritos. Os detritos. Uma dor agudíssima dilacera-te o ventre. Quero uma retrete com autoclismo.
Ainda se ouviu dizer-te que não serias nem pouco mais ou menos filósofo, nem pouco mais ou menos pensador; jamais reflectirias sobre esse quebra-cabeças que é a natureza humana, jamais racionalizarias a noção «detritos».
Peço e exijo uma retrete com autoclismo. Porquê? De que falas? Não tenho que responder. Quero uma retrete com autoclismo. Já. Já. Já. Rouge ou noir, et rien ne va plus.
Estranho, realmente estranho. Nunca tinha acontecido nada do género. Como te atreves? Cala a boca, já disse. Exijo uma retrete com autoclismo.
Resistir-lhe tornou-se simplesmente um acto de orgulho pessoal. Bem entendido, o orgulho pessoal é legítimo, além de ser devido. Porém, fechado em mim próprio, foi um erro.
Ele exigiu uma retrete com autoclismo!!!
Nessa noite não dormi e nas que se seguiram apalpei-lhe o pulso, com angústia sussurrei-lhe: se eu também te der uma retrete com autoclismo aceitas ler, apreender, compreender Camus, Sartre, Agostinho? Não. Primeiro a retrete com autoclismo.
Terás a tua retrete com autoclismo!!! Balbuciei como um qualquer indisfarçável membro tolhido de impotência.
E autorizaram-te a começar as escavações.
Ah, a matriz, o delta x, o integral calculado de zero a infinito. Não há outra via e serei bem sucedido. De que falas? Ignorantes, mentirosos. Sou eu quem vos acusa, que vos denuncia, quem vos condena por falte de criatividade, de empreendorismo.
Contemplar aquele buraco que se vai alargando até atingir o diâmetro para além dos dez milhões de centímetros, onde se aplicará a retrete com autoclismo é, para ti, uma alegria anestesiante. E cantas, assobias, ris. Sobretudo à medida que deitas os «detritos» na retrete e puxas o autoclismo: sem te preocupares com o facto de que levantas suspeitas. Aliás nem sequer paraste quando vieram ter contigo com a testa franzida: ouve lá, estás doente? Estás com desinteria? Eu não, porquê? Estás sempre a puxar o autoclismo. Puxo-o porque me diverte. É proibido? Não, não é proibido. Quero dizer: poderá não ser proibido.
Daí nasceu uma série de inconveniências que como a água de uma torneira que pinga monotonamente, sempre igual a si própria, martelando doses obsessivas no silêncio do vazio, de tal modo que à força de a ouvir me sinti enlouquecer.
Chamei o Petrini……anda, vamos até Camus, Sartre ou mesmo ao Agostinho. Eles produzem uma boa ganza, sublime. Lá chegados, injectados e, eu, alucinado vi que foram ter contigo. Vi que de repente perdeste o controlo. Vi-te assolar ao buraco da retrete com autoclismo. Estava entupido. Aguçaste o ouvido a qualquer eventual ruído: não ouviste ruído algum. Desequilibrado caíste no buraco da tua própria e privada retrete com autoclismo. Tudo fede. Clamaste, sou integral. Debalde. Na tua equação integral a função incógnita ocorre sob o sinal «heonía imú tu esú» que a tua memória seja eterna. Para que o erro não volte.