Tranquilidade para…voar

É certo e sabido que as equipas de futebol, melhores ou piores no seu conjunto, com mais ou menos individualidades de valia, produzem mais quando estão tranquilas e quando as suas unidades não entram no rectângulo de jogo a pensar no pontinho que dite a «salvação final» ou lhes permita, pelo menos, «respirar» no imediato.
Como todas as outras, a equipa da Briosa não foge à regra, sendo certo que, desse ponto de vista, foram importantíssimos os dois triunfos consecutivos, obtidos ante o Vitória de Setúbal, no Bonfim e frente ao Paços de Ferreira, no «Cidade de Coimbra».
Em ambas as partidas terá tido a equipa, é verdade, a sorte dos jogos, em alturas cruciais, contando, como factor de acrescida probabilidade de êxito, com um guardião absolutamente sensacional, Pedro Roma de seu nome.
Certo também que se aceitaria o empate em Setúbal, como não seria estranho que o resultado tivesse sido outro em Coimbra, atenta uma primeira parte periclitante da nossa equipa, na qual foram os pacenses a criar as melhores oportunidades para abrir o activo.
Mas verdadeiro é também que, nas segundas partes das contendas referidas, foi a Briosa superior aos seus adversários, justificando a conquista dos seis pontos, com uma «pontinha de sorte» – porque não reconhecê-lo – mas também com arreganho e vontade q.b e com uma produção futebolística bem acima daquilo que vinha fazendo em jogos anteriores.
A máxima latina «Audentis fortuna iuat», segundo a qual a sorte protege quem mais audaz se revela na sua procura, pode pois aplicar-se à Briosa, que, merecidamente, ascende agora ao 10.º lugar da tabela e «respira» a tranquilidade há muito pedida por Nelo Vingada.
Mercê talvez disso mesmo, na equipa começam ora a aparecer unidades como Dionattan, Sarmento ou Gélson das quais, face aos diversos condicionalismos individuais, talvez se não esperasse a influência positiva que têm tido e ainda bem...
Na equipa, entram agora também, com a propósito, os reforços de Inverno, com merecido destaque para o Senegâles N’Doye – que acrescentou equilíbrio, pulmão e qualidade ao «miolo académico» - mas igualmente com uma palavra de apreço para o brasileiro Serjão, com duas boas prestações sucessivas, nos poucos minutos em que jogou e, mais importante do que isso, com um golo apontado, o que para um ponta de lança é sempre algo de determinante…
Ou seja, vive a Briosa futebolisticamente um período de acalmia, tranquilidade e confiança, altamente propício à resolução, de uma vez por todas, da questão da manutenção na I Liga e também à realização de uma boa carreira na Taça de Portugal.
Em relação a esta última competição, fica contudo um alerta:
Em Vila das Aves não pode haver sobrancerias e devem os nossos atletas lembrar-se que o Sporting de Braga foi ali eliminado, na derradeira ronda!
Em Vila das Aves mora uma equipa guerreira, que se defende até à exaustão, procurando cansar a «presa», até lhe desferir o golpe fatal, no exteriorizar de um futebol à imagem do seu treinador, o Prof. Neca, decerto o melhor intérprete lusitano do transalpino «catenaccio».
Por isso para as Aves a receita será a de sempre: concentração, humildade e entrega...
Se for assim, decerto passaremos à eliminatória seguinte e poderemos continuar a sonhar com o Jamor, viagem que nos foge há 37 anos e que já merecíamos reviver.
Se for assim, o que também é muito importante, seremos capazes de manter o embalo das vitórias, para depois receber o Boavista em casa e aproveitar a oportunidade para...voar...
Que seja assim é o desejo de todos nós!
Força malta! Vamos em frente na Taça!