Tozé em entrevista

Agora que acabou mais um ano desportivo e escolar, fomos saber como estava o ainda atleta da Académica Tózé, que tantas alegrias nos deu ao logo de 2005/06.

Pardalitos: Então , que balanço nos podes fazer deste ano dos juniores, com a chamada pelo meio à equipa principal?
Tozé: Foi uma época muito boa. Trabalhou-se muito e na minha perspectiva da melhor forma. Poderiamos ter chegado mais longe mas infelizmente não fomos suficientemente fortes. No plano pessoal foi boa, fiz 23golos, admito que poderia ter feito ainda mais mas assim não se proporcionou. Os meus colegas e treinadores ajudaram-me imenso e por isso tenho que lhes agradecer estes golos. Se me permite, um agradecimento especial ao prof. Tó Miranda e Gaminha por terem confiado em mim ao longo dos 30 jogos. Estiveram sempre ao meu lado e isso não vou esquecer. A chamada à equipa principal entendia como um prémio pelo trabalho realizado. É bom trabalharmos ao lado de quem só costumamos ver pela televisão ou jornais.

Pardalitos: No início do campeonato, e depois a meio parecia que a Académica iria fazer um campeonato brilhante. Infelizmente tal não se veio a verificar. O que é que achas que falhou?

T: Realmente começamos de uma maneira fantástica e com 5 vitorias consecutivas. Mas a partir daí puseram sobre nós uma carga que não conseguimos suportar. Tivémos que lidar com a pressão de jogar para ganhar. Jogar para os primeiros lugares. No meu entender, não soubemos lidar com isso. A verdade é que tinhamos um conjunto de bons jogadores e de grandes treinadores as nem sempre isso resulta. Mas tenho a certeza que vamos ouvir falar muito de alguns jogadores desta equipa. Espero é que seja na Académica....

Pardalitos: As vossas condições de treino , não são as melhores. Penso que se tem feito milagres no futebol jovem. Achas que o futebol juvenil é o “ Patinho feio “ da Académica?

T: Este ano não nos podemos queixar de faltas de condições físicas ( tinhamos um bom campo, Luso e material disponivel). Mas, não é fácil ir para o Luso todos os dias e chegar tardissimo a casa. Eu que sou de Miranda do Corvo, começava a jantar às 22:45 para ter aulas no dia a seguir... Não é fácil. Chega-se a uma altura que o cansaço é muito. Mas se não treinavamos mais perto acredito que seria por não haver outra solução. Mas é um facto que têm sido feitas coisas fantasticas comparado a condições de outros clubes.

Pardalitos: Muitos , ditos “teóricos “ da nossa praça dizem que sai caro formar jovens, que o retorno nem sempre acontece. Que é mais fácil ir à América do Sul buscar atletas por valores mais baixos. Pensas que com esta política desportiva a Académica irá perder a sua Mística única ( do jogador estudante) , para se transformar a breve trecho num clube como outro qualquer?

T: Não critico, nem tenho conhecimentos para o fazer, a politica de contratações da Académica. Acredito sim, que temos grandes valores e que poder-se-ia dar mais importância e ajudar mais. Sou suspeito mas podia-se apostar mais em nós jogadores novos com muita vontade e amor à camisola. Acho que conheço alguma coisas do futebol jovem, que há poucos jogadores da qualidade do Ito, Fausto, Ricardo Tavares e mais uma série deles que vão aparecer este ano, casos de Hugo Seco, Mário Jorge etc. Espero é que sejam aproveitados.

Pardalitos: São os jogadores da Casa acarinhados?

T: Tem dias . Eu pessoalmente sempre me trataram bem. Mas tenho que admitir alguma mágoa e tristeza de como as coisas se proporcionaram e como me foram transmitidas esta semana. Foram 4 anos de muito trabalho em que consegui algumas coisas. Fui sempre o melhor marcador por onde passei, joguei algumas vezes lesionado, muito lesionado e basta perguntar ao Professor Rui Silva e Miranda que facilmente o confirmam ( até seria bom perguntar-lhes). Passei na minha vida pessoal por fases muito complicados e nunca, nem por um segundo, abandonei a Académica. Nunca! Fiquei triste por ter a promessa do Presidente para fazer a pré-época, e não a ter cumprido. Preferia que me tivesse dito que o meu destino estava traçado na Académica. Escusava de me alimentar ilusões. No fundo posso dizer que me faltou à verdade! Não quero falar disto nem utilizar o meu Pai como argumento para nada. Mas o meu pai faleceu a uma quarta feira na quinta estava a fazer um jogo treino em Cantanhede, sabe Deus como, mas estava lá. E nessa semana houve jogo e não falhei. Nunca recebi um tostão de ninguém. Eu é que andei a investir em mim. Quanto material tive foi todo os meus pais que o compraram. Nem de deslocações, gasoleo bilhetes de comboio, nunca recebi nada!

Pardalitos: Achas que foi benéfica para os juniores chamados , o convívio com os mais velhos?

T: Isso foi muito bom. Trabalharmos junto a eles é fantástico, é uma motivação acrescida. Trabalhando com eles, aprendemos também. Lembro me por exemplo, de estar muito atento ao que Joeano fazia.

Pardalitos: Alguns dos teus colegas juniores que passaram a seniores , vão ser emprestados ao Tourizense.O que se passa contigo? Qual o teu futuro? Achas que estás a ter o apoio necessário da Instituição, numa altura fulcral da tua vida?

T: A Académica nada do Tourizense me falou, nem do Tourizense nem de nenhum outro clube. Apenas houve uma conversa com o Eng. Luis Agostinho que apenas me deu a conhecer um outro clube mas que eu já sabia do interesse de resto mais nada me adiantaram. Apoio? Nenhum! Esperava mais alguma coisa sou sincero. Transmitiram me de uma maneira muito seca que nem iria ficar ligado à Académica. Fui jogador e sou socio como é logico fiquei triste, muito triste. Atenção, não queria que andassem comigo “ao colo” mas mais consideração isso posso exigir. Espero é que um dia não se arrependam disto.

Pardalitos: Como decorreram este ano os teus estudos? Em que ano estás?

T: Estou no 12ºano a efectuar os exames nacionais. Os estudos são para continuar.

Pardalitos: Os teus colegas juniores , estudam todas? Que ajudas têm da Académica? Têm explicadores?
Pensas ser importante a formação Académica num atleta?

T: Há explicadores disponiveis. Sei que há alguns colegas meus que usufruem disso. A formação é indispensável e não ocupa lugar. E nesse campo, Nuno Piloto é um exemplo notável.

Pardalitos: Se saíres da Académica que momentos levas contigo no teu coração( O melhor e o pior)?

T: Jamais esquecerei estes tempos. Fiz muitos amigos, alguns para o resto da vida. Jamais esquecerei o apoio de Rui Silva, Miranda e do Prof. Tozé. Estiveram sempre ao meu lado nos momentos mais dificeis quer nos desportivos quer nos pessoais. Os meus colegas que sem eles seria impossivel fazer os golos. Também sempre me apoiaram. Os adeptos e simpatizantes nada tenho a dizer e só tenho que agradecer sempre o apoio deles. De uma coisa não tenho duvida, temos os adeptos mais apaixonados pelo seu clube. É fantastico sentir isso. Espero um dia puder voltar com outras condiçõoes. Resumindo, o pior momento foi sem duvida esta despedidada e o último jogo. O melhor foi os amigos que ganhei e todas as alegrias que consegui ter e dar aos adeptos e à minha família. Um agradecimento especial, à minha grande Mãe aos meus irmaos à minha namorada por todo o apoio que me têm dado neste momento complicado. A vocês, pardalitos, um agradecimento muito especial por todo o apoio.

Os Pardalitos agradecem-te a disponibilidade sempre manifestada e desejam-te as maiores felicidades.