Vitor Manuel ao Jornal de Notícias

Vítor Manuel

Treinador de futebol


"Não percebo por que não estou a treinar"


Américo Sarmento

Vítor Manuel é uma figura carismática do futebol português. Sobretudo da "sua" Académica, onde jogou e se tornou treinador profissional de futebol. Nascido em Mouriscas, no concelho de Abrantes, há 54 anos, foi para Coimbra aos 16, para cumprir um "velho" destino da Briosa estudar e jogar futebol. E nos dois objectivos teve sucesso. Licenciou-se em Gestão de Empresas e, em 1984, tornou-se técnico principal da Académica.

Começava então uma carreira que o levou a treinar a Briosa por três vezes, mas também o Sporting de Braga, Penafiel, União de Leiria, Belenenses, Leça, Salgueiros e Alverca. A sua última experiência como técnico aconteceu na Madeira, em 2004, ao serviço do União. As coisas não correram bem e, dois meses depois, abandonou o cargo.

Com um currículo assim, por que não está a trabalhar? Vítor Manuel também procura razões para esse facto "Não percebo por que não estou a treinar. Não sei por que me fecharam as portas". E não esconde que esta situação o "preocupa". "Tenho momentos de grande nostalgia. Não tem sido fácil estar fora do meu habitat natural. Não me sinto realizado, pois não sei viver sem o futebol", confessa ao JN.

Profundo "amante do jogo", procura razões para não estar a fazer aquilo de que mais gosta. Coloca mesmo a hipótese de as pessoas pensarem que esteja doente, pois teve um problema de saúde. Mas, agora, está recuperado e sem qualquer restrição médica para ser treinador de futebol.

A nova vaga de treinadores, mais jovens, está a prejudicar os técnicos mais experientes? Vítor Manuel acredita que "a experiência é importante", mesmo comparada com a ambição dos mais jovens. Até porque, aos 54 anos, garante "As minhas capacidades e ambição estão intactas". Considera mesmo que, hoje, se sente "ainda mais treinador", uma vez que tem aproveitado o desemprego para "ler, estudar, ver futebol".

O seu nome chegou a ser adiantado como possível director desportivo da Académica, se Maló de Abreu tivesse ganho as eleições para a presidência do clube, o que não aconteceu. Considera que só aceitou essa possibilidade porque "era a Académica", o seu clube do coração, a sua "paixão". No entanto, garante que quer "continuar ligado ao trabalho de campo, como treinador". Sempre de forma "competente e séria". Nos últimos tempos, tem sido comentador dos jogos da SporTV - uma "experiência interessante" - mas não sabe se vai continuar. O que ele quer mesmo é voltar a treinar.