O país que temos

Vi na televisão uma reportagem sobre a partida da selecção nacional para a Dinamarca, ocorrida hoje no aeroporto de Lisboa. O esquema de segurança montado foi ridículo, chegando ao cúmulo de haver praticamente um guarda costas para cada jogador. Depois acabei também por ver num programa algumas declarações prestadas pelo presidente do Gil Vicente, numa conferência de imprensa realizada no âmbito do já internacionalmente famoso "Caso Mateus".

Estas duas reportagens espelham bem o que é hoje a realidade portuguesa, onde se elevam jogadores de futebol ao "altar" dos heróis e onde indivíduos que não falam correctamente o português se tornam presidentes de instituições desportivas que provavelmente possuem o estatuto de utilidade pública.

Estamos perante uma completa inversão de valores, relativamente a um passado não muito distante.

É pois fácil de compreender que aqueles que gostavam de ver uma Académica a valorizar em primeiro lugar o Homem e depois o atleta, se encontram neste momento a pregar num deserto, onde o simples respeito pelo Homem praticamente não existe. É este o caminho que seguimos, que vai sendo legitimado pela maioria em eleições democráticas e livres, como alguns gostam de salientar para às vezes defenderem certas e determinadas posições assumidas por aqueles que tem o poder (esquecem-se que o Adolfo mais famoso da história da Humanidade tambem chegou ao poder legitimado pelo povo).

Enfim, vivemos numa sociedade de fiúzas e mateus, de apitos de café com leite, de fundos de investimento aparentemente pouco transparentes, de compra e venda de jogadores de futebol em tudo semelhante à (triste) venda de escravos.

Ninguem se preocupa com o futuro, sendo apenas preciso viver o presente como se o amanhã não existisse, e realmente para colectividades como o Salgueiros e o Farense foi o que aconteceu, curiosamente depois de terem pouco tempo antes participado nas competições europeias.