Até quando?

Há algum tempo atrás, começou-se a ouvir a expressão "industria do futebol", "industria" essa que não gere um produto que se auto-financia, necessitando de "factores externos" para ir sobrevivendo. Esses factores são os patrocinadores (ou os tambem em voga "parceiros estratégicos") que mais não fazem do que alimentar esse monstro sorvedor de fortunas que é o futebol dos tempos modernos. Claro que os valores dos patrocinios são proporcionais ao valor do patrocinado, o que no caso da AAC/OAF não é problema dado todo o respeito e admiração que possui, baseados no seu passado impar. Mas todo este respeito e admiração está a desaparecer, e por isso várias interrogações se podem colocar:

- Será interessante patrocinar uma equipa que nos 3 primeiros jogos disputados em casa tem uma média de espectadores a rondar as 6000 pessoas, quando segundo o INE o Concelho de Coimbra em 2001 tinha 148 443 residentes e o Distrito de Coimbra 441204 residentes?

- Será interessante patrocinar um clube que não honra o seu passado e hoje está "infestado" de jogadores de 8 nações, tornando assim o impar em "igual ao que existe"?

- Será interessante patrocinar um clube que em termos desportivos frequenta sistematicamente os fundos da tabela classificativa desde que regressou à 1ª Liga?

- Será interessante patrocinar um clube onde a entrada e saida de jogadores ocorre a um ritmo tão elevado que não permite a criação de idolos por parte da sua massa associativa, impedindo assim a empatia adepto/atleta, tão do agrado dos patrocinadores?

- Será interessante patrocinar uma equipa cujo presidente passeia no carro milhares de euros em vários envelopes e é alvo de cartas anónimas endossadas à Policia Judiciária?

Felizmente vão existindo patrocinadores que ainda permitem os megalómanos orçamentos que vamos tendo, para apenas e só não descermos de divisão, mas que são incapazes de financiar a conclusão do Complexo Desportivo Dr. Francisco Soares, e por isso pergunto, até quando?

Até quando, nesta sociedade onde o individual se sobrepõe ao colectivo, onde as "boas causas" se resumem ao narcisismo, continuará a haver empresa(s) disposta(s) a colocar(em) nesta casa, mensalmente, milhares de euros que infelizmente são tão mal aplicados, milhares de euros que não impedem o crescimento de um passivo que se aproxima de valores dignos de um Gigante Adamastor, milhares de euros que vão lamentavelmente camuflando a incapacidade para gerir a AAC/OAF.