Lá se foi a tradição....

Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria
Espectadores: 1 295
U. Leiria: Fernando; Laranjeiro, Marcos António, Renato, Tixier; Paulo Gomes, Hugo Faria, Paulo Machado, Sougou; Ivanildo, Slusarski.
AAC/OAF: Pedro Roma; Nuno Luís, Danilo, Káká, Lino; Pavlovic, Brum, Alexandre; Miguel Pedro, Dame, Hélder Barbosa.
A Académica entrou no jogo em Leiria com o mesmo esquema táctico que apresentara em Paços de Ferreira, pois à frente do quarteto defensivo estava Pavlovic ao meio, Brum descaído para a direita e Alexandre para a esquerda, sendo que o ataque estava entregue a Miguel Pedro e Hélder Barbosa pela alas com Dame mais pelo meio. O jogo começou em ritmo lento, claramente imposto pela Briosa que atacava quase exclusivamente pela esquerda, aproveitando a enorme (talvez até exagerada) tendência atacante de Lino, mas o jogo não saía tão fluido aos rapazes de Coimbra como acontecera na capital do móvel. A União por outro lado aceitava entregar o comando do jogo à Briosa, preferindo jogar em contra ataque, de modo a aproveitar a velocidade de Sougou, a eventual fantasia de Ivanildo, sempre com o jogo a ser pautado por Paulo Machado.
O jogo decorria em toada lenta, tendo Pedro Roma efectuado a primeira defesa por volta do minuto 26 após contra ataque da União que nasceu de uma falta não assinalada sobre Alexandre. Três minutos depois novo lance de contra ataque e Pedro Roma com os pés nega o golo ao polaco Slusarski, naquilo que era o prenuncio do que estava para acontecer, e que ocorreu ao minuto 35, num lance em que Pavlovic sem qualquer reacção permitiu que Sougou ganhasse a bola à entrada do meio campo da AAC/OAF, batesse em velocidade Káká e entrando na área pelo lado esquerdo (onde estava Lino?) cruzasse para o segundo poste onde Slusarski antecipando-se a Danilo marcasse o primeiro golo perante um desamparado Pedro Roma. A falha incrível de Pavlovic e o jogo que vinha a efectuar não passou despercebido a Manuel Machado que ainda antes do intervalo fez entrar Gelson para o lugar do 32 da Briosa. Com esta substituição Manuel Machado pretendia dar um cunho mais atacante à equipa, que no fundo dominava o jogo (a famosa "posse de bola") mas cujos resultados práticos (golos) não existiam. Passava então a AAC/OAF a jogar com Alexandre e Brum na frente da defesa, Miguel Pedro na direita, Dame ao meio, Hélder Barbosa na esquerda e Gelson na frente, naquilo que se podia definir como um 4x2x3x1. Seria esta táctica suficiente para impedir a União de ter permanentemente superioridade numérica no seu meio campo quando defendia? A segunda parte iria responder.
A etapa complementar acabou por trazer mais do mesmo: posse de bola da Académica, mas sempre inconsequente, e com a União em ritmo (quase) de treino. Manuel Machado não demorou a reagir e verificando que Dame continuava num desacerto enorme trocou-o por Filipe Teixeira, na clara intenção de aumentar a velocidade do jogo e de obter uma maior precisão no passe, característica na qual a AAC/OAF hoje esteve horrível. O que era evidente a meio da segunda parte era o desacerto dos homens de preto e que o golo a surgir seria de forma inesperada, pois não existiam lances que criassem nos adeptos da negra um aumento do batimento cardíaco por se ver a redondinha a rondar a baliza da União.
Tal seria o desespero de Manuel Machado, perante tamanha impotência atacante da AAC/OAF, que decidiu ao minuto 67 substituir o inoperante Brum pelo "ponta de lança" Litos (ficando o "defesa" Sarmento no banco). Mas a AAC/OAF continuava a não acertar no passe, a jogar pelo meio permitindo sempre os cortes da defesa da União que jogava na maior parte das vezes em antecipação, até que aos 81 minutos de jogo num puro lance de contra ataque os homens de Leiria sentenciaram a partida e fizeram com que os adeptos da equipa de Coimbra começassem a sair mais cedo do Municipal de Leiria, quebrando-se assim a tradição dos últimos anos de a Briosa obter resultados positivos na casa desta União.
Como resumo final pode-se dizer que hoje foi evidente a falta de soluções ofensivas da AAC/OAF, que foi também (infelizmente) evidente a falta de categoria de alguns dos jogadores da AAC/OAF para jogarem numa primeira Liga e que é evidente que lutaremos este ano, tal como o ano passado, para não descermos de divisão. Não são os milhões dos orçamentos que fazem as grandes equipas, mas sim o valor individual de cada um dos atletas que compõe o plantel.
Análise individual:
Pedro Roma (3) - Sem culpa nos golos, nem de ter alguns colegas com falta de valor.
Nuno Luís (2) - Fraquinho a defender, pior a atacar, parecendo que acabou o jogo fisicamente arrasado.
Danilo (2) - Lento, sem carisma para liderar uma defesa e envolvido nos dois golos adversários.
Káká (1) - Incapaz de parar Sougou na arrancada deste para o primeiro golo, falhou na antecipação que pretendeu fazer no segundo golo, continuou a apresentar falhas técnicas enormes.
Lino (1) - Muito mal a defender, razoável a atacar vindo a desaparecer com o decorrer do jogo.
Pavlovic (0) - Esta nota é porque a passividade que demonstrou no lance que deu origem ao primeiro golo da União é inaceitável num profissional de futebol. Alem disso foi sempre lento e errou inúmeros passes.
Brum (1) - Lento, complicativo, pouco batalhador e ele que costuma sempre actuar durante todo o jogo desta vez foi tomar banho mais cedo.
Alexandre (3) - Lutou muito, mas quando se está só ou mal acompanhado nada se consegue.
Miguel Pedro (3) - Nunca desistiu mas também a ele hoje os lances não lhe saiam bem.
Dame (2) - Um pouco trapalhão, muito inconsequente, bem substituído.
Hélder Barbosa (2) - O rapaz é bom de bola, mas os individualistas não tem lugar num jogo colectivo. Precisa de crescer.
Gelson (1) - Nada alterou, nada fez a não ser correr.
Filipe Teixeira (2) - Tentou alterar o rumo dos acontecimentos mas também ele esteve hoje abaixo daquilo de que é capaz.
Litos (1) - O novo ponta de lança da AAC/OAF, indo desempenhar essa tarefa quando ainda havia para jogar 23 minutos.
Manuel Machado (1) - Continuam a não se notar melhoras no jogo da AAC/OAF, estando-se a jogar em finais de Outubro como se jogava em meados de Julho. Pretendeu com a entrada de Litos para ponta de lança dar um recado a alguém? É que centrais a ponta de lança já todos vimos, mas muito perto dos finais dos jogos.
João Ferreira (3) - Arbitragem com alguns erros, mas sem qualquer interferência no resultado.