Cortejo da Queima deixa de se realizar à terça-feira

"Cortejo e bênção das pastas vão passar a realizar-se, a partir de 2008, em diferentes dias da semana. O Processo de Bolonha vai obrigar a uma reestruturação do código da praxe.

Com o Processo de Bolonha a reduzir a duração dos cursos, o Cortejo dos Quartanistas vai ser, a partir de 2008, antecipado. Em causa está o facto dos estudantes fitados (que até agora adquiriam o grau no ano lectivo anterior à semana académica) só passarem a usar fitas quando forem no carro do Cortejo. Se até agora os alunos fitados adquiriam o grau no ano lectivo anterior – logo era indiferente o dia em que se realizava o cortejo –, com a alteração do número de anos do curso, os alunos passam a ir no carro apenas no último ano do 1.º ciclo. "Isto significa que os estudantes só podem usar fitas depois de ir no carro. Se o cortejo fosse na terça-feira, haveria muito pouco tempo para assinar as fitas", disse o dux veteranorum da Universidade de Coimbra (UC).

Assim sendo, a partir de 2008, o Cortejo dos Quartanistas vai ser antecipado para que seja possível haver fitados "o mais cedo possível". O evento de maior visibilidade da Queima das Fitas vai passar a realizar-se, "quase de certeza", durante o fim-de-semana, provavelmente ao domingo", adiantou João Luís Jesus. No entanto – acrescentou –, o cenário terá que ser estudado para ver qual será o melhor dia".Mas há mais novidades. Tendo em conta que o novo Código da Praxe deverá introduzir um novo período de praxe, a bênção das pastas vai decorrer depois da Queima das Fitas – e não antes, como ocorria até aqui. Também a venda da pasta e a verbena (que se realizavam à segunda-feira), passam a realizar-se depois do cortejo. O mesmo vai acontecer com a récita dos quintanistas. Ou seja, o cortejo dos quartanistas passará a ser dos primeiros eventos tradicionais e praxísticos da Queima."Isto implica virar a Queima das Fitas do avesso em termos de eventos tradicionais", lembrou o dux.

Novos graus hierárquicos

Entretanto já foi constituído um grupo de trabalho para analisar as implicações que Bolonha pode vir a ter no Código da Praxe. "Já chegámos a uma conclusão: a estrutura hierárquica praxística também vai ser completamente alterada". Assim, há títulos de hierarquia da praxe que vão desaparecer por completo (é o caso dos quartanistas e dos quintanistas) e serão criados novos títulos, com termos antigos que serão recuperados. "Estamos a investigar no Palito Métrico [considerado como o livro venerável da Academia de Coimbra, que servia de base aos costumes académicos] para saber como é que antigamente se designavam os estudantes em termos hierárquicos", referiu João Luís Jesus. Caloiros e veteranos, são os títulos que se mantêm, sendo certo que este último grau só se vai aplicar aos alunos que frequentam o 2.ª ciclo. É que, em termos de praxe, o 1.ª ciclo e o 2.ª ciclo passam ser vistos como um todo.

O grupo de trabalho está, neste momento, a analisar todos os cenários possíveis. O dux veteranorum pretende igualmente, discutir todas as alterações com o presidente direcção-geral da Associação Académica de Coimbra e "faz questão" de apresentar "esse rascunho ao reitor, na medida em que o código faz parte da identidade da própria Universidade de Coimbra". "Enquanto todas as partes não forem ouvidas, as coisas não vão avançar", garantiu.
Para já, e até ao 30 de Abril, o Conselho de Veteranos está a receber as propostas para a alteração do Código da Praxe, processo no qual todo o estudante, independentemente do grau – seja caloiro, veterano ou quartanista –, pode apresentar as suas ideias. Numa fase posterior, as decisões vão competir apenas ao Conselho de Veteranos. Pretende-se que o novo código esteja pronto – o mais tardar – em Julho, antes dos estudantes irem de férias, de modo a que possa entrar em vigor em Setembro de 2007. "Isto não é uma revisão, é uma restruturação porque vamos ter um código completamente novo, baseado nos princípios e na tradição que existe. Não vamos alterar os princípios praxísticos subjacentes à tradição da Universidade de Coimbra mas vamos adaptá-los aos tempos modernos", esclareceu João Luís Jesus. "

*Notícia retirada do jornal As Beiras