Com a devida vénia ao «CAMPEAO DAS PROVINCIAS» a seguir se reproduz um artigo de opinião no mesmo publicado.
AMBIGUIDADES QUE DESCARACTERIZAM A AAC-OAF
Existem duas ambiguidades estritamente relacionadas na actual descaracterização da Académica e ambas são importantes. Uma é a atitude ambígua dos sócios em relação à Direcção baseada na abordagem dos resultados desportivos. A outra é a forma ambígua da Direcção como fala do exercício do poder.
Que significa isto?
Pode significar, e assim o interpreto, que os sócios têm o propósito inofensivo e evidente de qualquer adepto, o de obter resultados desportivos positivos e ganhar conforto. Quanto à Direcção, uma vez no poder, pretende entrincheirar-se nessa posição, isto é, usará o discurso ambíguo de modo a que a recuperação do poder por outros se torne extremamente difícil.
Ambas as ambiguidades desempenham um papel táctico quer aos da ala desportiva quer aos da ala do poder. Isto é compreensível, porquanto o uso sistemático da ambiguidade lhes permite alargar o campo em que podem ser recrutados eventuais apoiantes.
Estas vantagens tácticas podem, porém, traduzir-se facilmente numa desvantagem, no momento mais crítico; pode levar a uma crise institucional quando os resultados desportivos não forem os previamente anunciados, desejados, acordados, e os sócios considerarem chegada a altura para agir “violentamente”. Neste caso, toda a argumentação profética da Direcção é insustentável e irrecuperável, em todas as suas interpretações, radicais ou moderadas. Mas para uma perfeita compreensão dessa (desta) situação, não basta refutar a eventual profecia moderada da Direcção; é também necessário examinar a sua atitude ambígua face ao problema de maior substância, que podemos observar na aplicação dos fundos financeiros.
Afirmo que esta última atitude tem influência considerável sobre a questão de saber se a “batalha desportiva” será ganha ou não, pois, sempre que há eleições, a principal razão para a vitória eleitoral parece ser a atracção do poder económico-financeiro que o candidato exerce junto da grande camada de sócios votantes.
Esta crítica sobre a ambiguidade, como arma táctica, embora prática e corroborada pela experiência, não deixa de ser superficial. As principais falhas contributivas para a descaracterização da Académica encontram-se mais fundo.
A crítica que agora pretendi expor tenta mostrar que tanto o pressuposto da ambiguidade como as suas consequências tácticas são de molde a provocar exactamente a acção contrária à concepção original da Académica como uma Instituição desportiva diferente. E sabemos que esta desconexão pode levar à derrota e ao abismo: SAD (formal ou informal) -clube vulgar.
Acontece que violando, sistematicamente, os princípios associativos tutelados pelo Regime Especial de Gestão, a Direcção sente-se livre de agir, ou de se abster de agir, como melhor lhe aprouver. Porém, faça o que fizer não nos irá revelar agora.
Sem embargo, no entanto, racionalmente, prevejo a possibilidade de a Direcção não estar, não ficar parada. Ela preferirá tentar destruir o formato do Regime Especial de Gestão e, uma vez ser este o desenvolvimento provável – há indícios e indicadores demasiado sugestivos – devemos estar preparados para o anular; de outro modo traímos a nossa CAUSA.
Eu prefiro, amplamente, uma evolução pacífica e democrática para o retorno aos valores da Académica, se possível. Deste modo, atrevo-me a dizer que não convém iludirmo-nos. Não convém distrairmo-nos. Não convém o uso do “timing” apropriado, dito “politicamente correcto” e “sensato” só definido e defendido pelos “caçadores” da oportunidade, pois poderá vir a ser demasiado tarde para o dia-a-dia da CAUSA ACADÉMICA.
Lucílio Carvalheiro
Ex-Presidente do Conselho Fiscal
Membro do Conselho Académico
Existem duas ambiguidades estritamente relacionadas na actual descaracterização da Académica e ambas são importantes. Uma é a atitude ambígua dos sócios em relação à Direcção baseada na abordagem dos resultados desportivos. A outra é a forma ambígua da Direcção como fala do exercício do poder.
Que significa isto?
Pode significar, e assim o interpreto, que os sócios têm o propósito inofensivo e evidente de qualquer adepto, o de obter resultados desportivos positivos e ganhar conforto. Quanto à Direcção, uma vez no poder, pretende entrincheirar-se nessa posição, isto é, usará o discurso ambíguo de modo a que a recuperação do poder por outros se torne extremamente difícil.
Ambas as ambiguidades desempenham um papel táctico quer aos da ala desportiva quer aos da ala do poder. Isto é compreensível, porquanto o uso sistemático da ambiguidade lhes permite alargar o campo em que podem ser recrutados eventuais apoiantes.
Estas vantagens tácticas podem, porém, traduzir-se facilmente numa desvantagem, no momento mais crítico; pode levar a uma crise institucional quando os resultados desportivos não forem os previamente anunciados, desejados, acordados, e os sócios considerarem chegada a altura para agir “violentamente”. Neste caso, toda a argumentação profética da Direcção é insustentável e irrecuperável, em todas as suas interpretações, radicais ou moderadas. Mas para uma perfeita compreensão dessa (desta) situação, não basta refutar a eventual profecia moderada da Direcção; é também necessário examinar a sua atitude ambígua face ao problema de maior substância, que podemos observar na aplicação dos fundos financeiros.
Afirmo que esta última atitude tem influência considerável sobre a questão de saber se a “batalha desportiva” será ganha ou não, pois, sempre que há eleições, a principal razão para a vitória eleitoral parece ser a atracção do poder económico-financeiro que o candidato exerce junto da grande camada de sócios votantes.
Esta crítica sobre a ambiguidade, como arma táctica, embora prática e corroborada pela experiência, não deixa de ser superficial. As principais falhas contributivas para a descaracterização da Académica encontram-se mais fundo.
A crítica que agora pretendi expor tenta mostrar que tanto o pressuposto da ambiguidade como as suas consequências tácticas são de molde a provocar exactamente a acção contrária à concepção original da Académica como uma Instituição desportiva diferente. E sabemos que esta desconexão pode levar à derrota e ao abismo: SAD (formal ou informal) -clube vulgar.
Acontece que violando, sistematicamente, os princípios associativos tutelados pelo Regime Especial de Gestão, a Direcção sente-se livre de agir, ou de se abster de agir, como melhor lhe aprouver. Porém, faça o que fizer não nos irá revelar agora.
Sem embargo, no entanto, racionalmente, prevejo a possibilidade de a Direcção não estar, não ficar parada. Ela preferirá tentar destruir o formato do Regime Especial de Gestão e, uma vez ser este o desenvolvimento provável – há indícios e indicadores demasiado sugestivos – devemos estar preparados para o anular; de outro modo traímos a nossa CAUSA.
Eu prefiro, amplamente, uma evolução pacífica e democrática para o retorno aos valores da Académica, se possível. Deste modo, atrevo-me a dizer que não convém iludirmo-nos. Não convém distrairmo-nos. Não convém o uso do “timing” apropriado, dito “politicamente correcto” e “sensato” só definido e defendido pelos “caçadores” da oportunidade, pois poderá vir a ser demasiado tarde para o dia-a-dia da CAUSA ACADÉMICA.
Lucílio Carvalheiro
Ex-Presidente do Conselho Fiscal
Membro do Conselho Académico
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