SOBRE BRASAS

Deixo que seja o sócio atento da entrevista dada pelo Dr. José Belo a decidir se ficou aprovado o seu “dizer adequado”; se revela um progresso em comparação com o sistema em uso pela actual Direcção de cujo retrocesso e estagnação me queixo de há uns anos a esta parte, sobretudo, desde que se consiga encontrar critérios para ajuizar esse progresso definidor. E deixo que seja o mesmo sócio atento sobre a Académica a julgar se é apropriado concluir estas observações com um outro comentário da minha parte, qual seja: Relativamente à gestão – actual Direcção – em geral e às opiniões que tenho expressado sobre o seu valor, admito que as minhas formulações possam ter sido, aqui e ali, insuficientemente condicionais e cautelosas (politicamente correcto). Também não desejo ocultar o facto de que só posso encarar com repugnância a enfatuada pretensão de todos aqueles sócios, mais adeptos que sócios, repletos de “sabedoria”, hoje tão em voga. Porque estou plenamente convencido de que em 2003 foi escolhido o caminho errado; de que a filosofia e métodos adoptados aumentaram continuamente todas essas tolices e disparates, e de que mesmo a completa aniquilação de todas essas realizações fantasiosas não seria, provavelmente, tão perniciosa quanto esta gestão fictícia com a sua execrável fertilidade. Fertilidade no passivo; fertilidade em processos judiciais; fertilidade no mau nome (social) da Instituição.
Desejo, assim, deixar claro que considero a entrevista do Dr. José Belo extremamente notável e interessante e que a escolhi devido à sua superioridade em relação a todas as outras que, desde 2003, conheço. Não sou competente para julgar os méritos do Dr. José Belo mas, ao contrário de outros irracionalistas, ele tem muita coisa a dizer e a fazer pela Académica que se afigura imensamente desafiador e estimulante; eu pelo menos, considero-o assim e devo-lhe muitas sugestões valiosas. Não se pode acusar o Dr. José Belo de irracionalista no seu próprio campo de fervoroso Académico, pois, quando se trata de comparar provas a favor ou contra certa interpretação histórica da Académica, ele usa sem hesitação argumentação fundamentalmente racional. Tenho em mente, por exemplo, o seu “estudo” comparativo sobre a autenticidade como registo histórico; a racionalidade do seu pensamento está fora de questão, e isto é tanto mais admirável quando sobressai, na entrevista, as simpatias gerais para com uma certa ortodoxia Académica e como deve ter sido difícil para ele defender uma opinião que, no mínimo, é heterodoxa.