O pelouro maldito

Diz o povo, e com razão: “O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”.

É o que se passa com a secção de futsal. Nascida no seio da Mancha Negra, foi ‘repescada’ para o OAF aquando da candidatura em 1996 à sala de bingo de Coimbra. Na altura exigia-se que os clubes candidatos fossem ecléticos e tivessem secções amadoras, às quais se destinariam, por lei, os proventos a arrecadar. Foi então que surgiram as secções de futsal, de balett e de karaté no seio do Organismo Autónomo de Futebol.Expediente feliz, porquanto foi-nos atribuída a concessão da sala de bingo de Coimbra.

No seio do OAF, sempre foi a secção malquerida: não só porque não soube ou não quis cortar as amarras ao passado, mas também porque ter sido sempre votada ao ostracismo por parte das sucessivas direcções do OAF, mais vocacionadas para o futebol de 11 profissional.

Nem com o fim do consulado Ponce de Leão nem com as direcções ‘independentes’ que se lhe seguiram, se alterou o statu quo da secção: esta continuava a funcionar como um autêntico organismo autónomo de futsal dentro do organismo autónomo de futebol da AAC.

Durante a presidência do Dr. Campos Coroa a situação não se alterou, excepção feita ao facto de, doravante, a contabilidade da secção ter sido integrada na do OAF, dentro da política de transparência e rigor fiscal apanágio dos corpos gerentes de então.

Com o advento jesiano, e pela primeira vez, foi atribuído a um Vice-Presidente o pelouro do futsal. Pensou-se, na altura, que seria finalmente desta que a secção se integraria efectivamente no OAF e se criariam as condições para que ela desse o salto qualitativo definitivo.

Nada mais incorrecto: a secção – não só não soube arrecadar as receitas necessárias como viu as expectativas criadas pela direcção do OAF serem totalmente frustradas e infundadas, continuando votada ao ostracismo. A atribuição do pelouro ao Dr. João Paulo Fernandes só serviu para, premeditadamente, o consumir em fogo lento.

É para isso que parece servir o pelouro do futsal: para queimar o director responsável por ele.

É o que tudo indica estar acontecendo com o Sr. Carlos Clemente. Depois de um meritório trabalho na anterior direcção, como Director-adjunto cooptado para a área administrativa e quando se pensava que lhe seria atribuído um lugar de Vice-presidente efectivo, viu-se relegado para suplente.

E qual o pelouro que lhe atribuiu JES? O do futsal. O tal, o maldito.

Maldito, sim, não só pelo passado histórico como por aquilo que JES lhe perspectiva para o futuro. Senão, vejamos o que diz o programa eleitoral do Eng.º José Eduardo:

• Estudar com a DG/AAC a eventual criação de uma Secção de Futsal na AAC, com base na estrutura existente no OAF (…)

Ou seja, toma lá uma secção que tem os dias contados.

Mas porque pretenderá JES extinguir a secção de futsal? Por actuar no pavilhão? No tal que dizem já estar vendido a interesses imobiliários e que convém libertar? Será por isso que consta nos mentideros que Clemente está aqui está a bater com a porta?

Mistérios…

Tenho dito.