Assembleia da Liga

Na última Assembleia-geral da Liga, na tal em que parece ter sido institucionalizado o princípio de que quem tiver salários em atraso não poderá ser elegível para as competições profissionais, o nosso Presidente fez uma proposta deveras curiosa, a qual foi rejeitada por um estrondoso 36-1:
- Depois de discorrer novamente na defesa do seu plano de salvação do futebol português, o Eng.º José Eduardo Simões, antes de pedir o adiamento da AG para finais de Junho (ou seja, para depois da apresentação dos pressupostos financeiros…), veio a terreiro defender que melhor do que penalizar os clubes com dívidas salariais, fiscais, à segurança social ou a seguradoras desportivas, seria a Liga reter na fonte verbas que a esses clubes lhes coubessem, o que, diga-se de passagem, representaria uma adiar para as calendas gregas a discussão do problema do incumprimento salarial e um torpedear da vontade da Direcção da Liga.
Ora bem:
O decidido em AG da LFFP é de uma hipocrisia estonteante: sabendo-se que há muitos clubes militantemente incumpridores, outros que vão pouco religiosamente cumprindo as suas obrigações e uma pequena minoria que realmente honra os seus compromissos, aprovou-se (e, pasme-se, Estrela e Boavista abstiveram-se!), o princípio que quem tiver salários em atraso no final da época é excluído das competições profissionais.
Foi neste contexto que JES apresentou a sua proposta, que subscrevo, aliás, porquanto corremos o risco de o nosso campeonato poder vir a parecer com o da Escócia ou da Suíça, (têm tão pouco clubes que necessitam de 4 voltas) e de criar de uma penada uma mão cheia de Salgueiros.
Como disse JES, melhor seria pensarmos num plano efectivo de contingência para o futebol, e não tomar estas medidas avulsas, que reputo de perigosíssimas para o futuro de clubes menos estruturados financeiramente, como o nosso.
Obviamente que o que terá pesado na argumentação de JES terá sido o perigo que estas novas regulamentações possam provocar à nossa Instituição : é do conhecimento público o enorme passivo que asfixia a AAC/oaf e os inevitáveis, a curto prazo, problemas de tesouraria que viremos a padecer. Mas isto não retira o mérito a JES: com culpa ou sem culpa no cartório, defendeu a nossa dama, e é isso que interessa. Pena é que não lhe tenham dado ouvidos e a sua proposta ter sido cilindrada por 36-1.
Quando tocarem os sinos a rebate, quero ver esses 36 a chorarem que nem umas Madalenas e a engrossarem o rol dos clubes históricos desaparecidos.
Só espero sinceramente que, nesse dia, não se oiçam os carrilhões na nossa Lusa Atenas…
Tenho dito.