"Pardalitos do Choupal"
Associação Académica de Coimbra
Tanto assim é que João Escobar de Souza é uma ilustração do que foi designado por lógica de uma situação social. Num grau considerável, tudo foram actos de mera função do capital que, através da sua instrumentalidade, é dotado de vontade e de determinação. Isto significa, porém, que através da sua instrumentalidade, o interesse objectivo determina os meios através dos quais se realiza a operação. Ora, foi aqui que João Escobar de Souza, ingenuamente, quis usar uma lógica própria não se dando conta de que estaria a agir às cegas, e não de uma forma razoável; extrair coelhos (graveto) fisicamente vivos (cartas recheadas, ouve quem lhe chamasse envelopes recheados à la carte) de cartolas desbotadas ou, do mesmo modo, tentar provar que magnetizar o ferro (o guito) significava aumentar-lhe o peso (quantidade de metros quadrados adicionais), foi ignorar, por completo, que na teoria de Newton sobre a inércia (tempo da Justiça) e gravidade (legalidade) se «contradizem mutuamente» – claro que não previu que Dona Patrícia Judite, prosaicamente conhecida por a Judite, viria a querer demonstrar que a identidade da “massa” inerte (meia-Coroa para mandar cantar o cego) e a da “massa” gravitatória (Cascais por causa da gravitação) e outras coisas do género “melódico” (letras passadas, letras apagadas).
É deste modo que, no tempo entre o Natal e a Pascoa, segundo os caminhos de Santiago que lhe compôs a tela, virá o sistema das instituições medievais (o douto mestre das ordens creditícias assim as define) impostas pelo Estado, recorrer ao que se pode designar por dar luz à lógica da situação, ou seja: explicar-nos que o funcionamento ingénuo de João Escobar de Souza, a despeito de alguns exageros e da omissão de alguns aspectos importantes interessantes, foi admirável, ao menos, enquanto considerarmos a análise sociológica da etapa do sistema associativo que tem, em mente, uma mera tautologia equivalente a despojar João Escobar de Souza de qualquer acto de significado gravoso e restringir o conceito de “Justiça” ao perdão, até porque a doutrina de ajuda associativa se revela, prosaicamente, verdadeira.
Lucílio Carvalheiro
03.11.2009
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