O bolão e a formação

Estando provado à saciedade o enorme erro de política desportiva que constituiu a extinção da equipa B da AAC e o retorno que a mesma poderia ter dado, não fosse a interrupção abrupta do seu percurso natural, caberá a todos os académicos fazer a discussão da reimplantação rápida desta equipa.
Com os orçamentos que a Briosa tem apresentado anualmente, as despesas com uma equipa na II B são uma «gota no oceano» e se podemos investir em activos adquiridos como Marcel, também é lógico que procuremos fabricar os nossos próprios activos, dando rentabilização às nossas equipas de formação.
Ajax, Bilbao, Auxerre, etc são exemplos claros de que esta a política funciona e de que é mesmo o instrumento para que clubes medianos (como é o caso dos dois últimos) encontrem meios de sobreviver, ombreando com os grandes.
Claro que a acompanhar a política de formação, deverá estar uma política de desenvolvimento das condições logísticas do treino e de aposta em técnicos cada vez mais qualificados da área do futebol de formação.
O desenvolvimento do complexo do Bolão, que tarda em concretizar-se, é, deste modo, fundamental para o projecto.
Como fundamental será a criação de uma estrutura de prospecção ao nível do futebol jovem e a constituição de uma equipa de técnicos multidisciplinar,que abarque desde a área da preparação física, à metodologia de treino, ao desenvolvimento técnico e táctico dos atletas, à homogeneização e harmonização do modelo de jogo entre as diversas camadas etc...
Se assim for e se os atletas forem também aliciados com contratos longos e por objectivos, bem como com condições - paralelas à actividade desportivas - para prosseguirem os estudos e evoluirem cultural e socialmente, o projecto será decerto um sucesso. Um sucesso que levará a breve trecho ao aparecimento de mais jogadores como Zé Castro e Nuno Piloto, hoje em dia duas unidades com créditos firmados na nossa equipa principal e que, domingo a domingo, vão desmentindo a declaração da Direcção, na AG que tornou definitiva a extinção da equipa, segundo a qual não haveria craques na nossa equipa B (sic. Dr. Vasco Gervásio).
Havia-os de facto e poderiam ter surgido muitos mais...
André Costa poderia hoje constituir alternativa válida a Luciano, Carlos Lebres poderia discutir actualmente o lugar com Nuno Luís, Penela poderia significar esta temporada concorrência a Paulo Adriano, por exemplo...
Daí que seja necessário repensar a coerência da política desportiva da Briosa, alertando os dirigentes para esta realidade, tanto mais que é sabido que o próprio Prof. Nelo Vingada já emitiu internamente opinião sobre o assunto, considerando que «foi um erro extinguir a equipa B» e que outros técnicos do clube, como António Miranda (treinador dos Juniores), por exemplo, já o disseram mesmo publicamente...
Assim sendo é altura de começar a pensar em assumir o erro e em repará-lo nas próximas épocas desportivas, sendo certo que agora uma equipa B da Briosa teria, nos termos dos regulamentos, de começar da III divisão, o que na altura não acontecia, com as vantagens desportivas então inerentes a esse facto.
Seja como for, acredito que vale a pena e, pelos vistos, os técnicos da Académica tembém...
Bastará apenas que exista a necessária «vontade política»!
Porque, pior do que errar, é não assumir o erro, persistindo no mesmo apenas para não dar a mão à palmatória...