"In illo tempore"

Quando na segunda feira passada, fomos a Setúbal ver o jogo da Briosa, antes de o jogo começar fomos comer umas bifanas e uns coiratos, que souberam que nem "ginjas", pois o frio que estava, entranhava-se pelo corpo dentro.
Várias pessoas estavam à espera de ser atendidas na bendita "roulotte", quando um vitoriano, com aproximadamente uns 50 anos, se dirigiu ao grupo onde eu estava, e lembrou aquela célebre final da Taça, que disputámos com o Setúbal. Não me recordo se em 68 ou 69.
- Você já deve ser desse tempo. Dizia para mim.
Eu, claro, confirmei. Mais! Disse-lhe que lá tinha estado. Recordo-me como se fosse hoje. Meu saudoso pai, minha mãe e irmã, num fiat 600 pusemo-nos ao caminho. Teria 8 ou 9 anos.
Mas já fazia colecção de cromos, e falava da Académica com o meu amigo André Campos Neves, hoje por hoje, um dos maiores "historiadores" da Briosa.
Conhecíamos todos os jogadores da 1ª divisão. Os que não tínhamos tentávamos trocar, e até no jogo do "abafa", conseguíamos os "mais difíceis".

Lembro-me, dizia, perfeitamente desse jogo. Uma moldura humana impressionante, milhares e milhares de estudantes ao calor (estava um dia extremamente quente). O desenrolar do resultado já se me varreu da memória. Sei que após 2 (dois!!!) prolongamentos perdemos por 3-2, com o golo decisivo, suponho que marcado por Jacinto João.
O Setúbal tinha um equipa poderosíssima. Conceição, José Maria, Matine, JJ (curiosamente todos de côr). Pedras, Vital, e outros ajudavam aquela equipa (Fernando Vaz como treinador se não estou em erro) a ser das melhores da altura.

A nossa equipa fez um jogo épico. Jogávamos como ninguém. No entanto, o calor, o desgaste físico (2 prolongamentos para estudantes não seria de todo fácil), e muita falta de sorte, fez-nos regressar a Coimbra com um sabor agridoce. Doce pela forma como vimos o Maló, Rui Rodrigues, Celestino, Rocha (enorme nesse jogo!!!), irmãos Campos, Toni, Marques etc... fazerem um jogo memorável, além das faixas anti fachistas que os estudantes levaram para Lisboa.
Agre, pelo resultado, naturalmente.

Ficou-me na memória para sempre este jogo. Pelos vistos para os lados do Sado, ainda hoje o recordam. E com muito orgulho ouvi dizer, que a Académica era a melhor equipa nacional na época.
Ai que saudades!!!