A sociedade, o futebol, a Briosa e o seu presidente

Vivemos num mundo cada vez mais dominado pela feroz competitividade entre grupos e pessoas, agora numa luta à escala global, gerando-se, cada vez mais, enormes desigualdades entre os Homens.

Por outro lado, na sociedade ocidental, aos valores cívicos e morais sobrepôem-se, quase sempre, os valores materiais, gerando-se uma forma de vida artificial e fútil, onde o que mais interessa é a ostentação da riqueza. Esta forma de estar na vida encontrou no futebol o «habitat» ideal.

De facto, o futebol tornou-se, desde há vários anos, uma «indústria» bem inserida no capitalismo selvagem, onde não se olha a meios para satisfazer a ganância de grupos ou pessoas, atropelando-se constantemente as mais elementares regras de civismo e onde os bandidos passam, na maioria das vezes, impunes.

Como é natural, também a Académica tem sido constantemente atormentada por gente sem escrúpulos, mas agora parece que foi mesmo contaminada.

Com efeito, o comportamento desta direcção, demasiado autocrática , assemelha-se, em quase tudo, à generalidade das direcções dos outros clubes.

Será que esta direcção e o seu presidente adoptaram esta atitude propositadamente como estratégia para o sucesso?

Seja como for, isto não se pode passar numa instituição como a Académica.

É evidente que, mesmo inserida neste meio obscuro que é o futebol português, e apesar de se tratar de uam luta titânica, a Académica tem mesmo de continuar a ser Académica.

Num patamar muito acima das diferentes formas de cada um encarar a vida, estarão sempre, para mim, os valores humanistas e, assim, gostaria que os vários gestos solidários que o nosso presidente tem tido ao longo do seu mandato se sobrepusessem sempre às horríveis suspeições que sobre ele recaem.

Até certo ponto, caso se venham a confirmar as graves suspeições, queria continuar a acreditar que o presidente é uma pessoa de bem e que foi, de certa forma, vítima das armadilhas do caminho. Queria conseguir não pensar mais nas horríveis torres (jardins?) do Mondego, pobre rio; não queria pensar mais no estranho caso Marcel ou, por exemplo, nos brasileiros que atravessam o Atlântico em voos cruzados.

Agora que acabou esta, mais uma, atormentada e medíocre época desportiva, e que já respiramos de alívio, não havendo, portanto, o tal problema do "timing", podemos desabafar e dizer que esta direcção é muito incompetente.

Estou convencido, contudo, que o nosso presidente terá, ainda, um último gesto nobre e digno, afastando-se, pelo menos temporariamente, até se apurar a verdade. Só assim salvaguardará o bom nome da instituição.

Viva a Académica!

P.S. Muito obrigado Joeano por nos teres salvo da descida (estivemos 37 segundos na liga de Honra)! Parabéns também pela tua magnífica "meia" época (pois é, houve alguém que te impediu de a jogares por completo).