Cortejo da Queima das Fitas vai ser ao Domingo

O novo Código da Praxe entra em vigor no dia 7. Além das alterações nas hierarquias, o cortejo da Queima vai ser ao domingo e a Bênção das Pastas 15 dias depois da festa.Com o Processo de Bolonha a reduzir a duração dos cursos, o Cortejo da Queima das Fitas passa a realizar-se, já a partir de 2008, a um domingo. Se até agora os alunos fitados adquiriam o grau no ano lectivo anterior - logo era indiferente o dia em que se realizava o cortejo -, com a alteração do número de anos do curso, os alunos passam a ir no carro apenas no último ano do 1.º ciclo. Também a Bênção das Pastas passa realizar-se no final da festa académica mas... 15 dias depois. As alterações relativas às actividades tradicionais da Queima das Fitas ainda estão a ser analisadas pelo Conselho de Veteranos. Até ao mês de Outubro haverá mais novidades.Entretanto, é já na próxima sexta-feira que entra em vigor o novo Código da Praxe. As mudanças vão verificar-se, sobretudo, ao nível das hierarquias. Caloiros e veteranos são os títulos que se mantêm, sendo certo que este último grau só se vai aplicar aos alunos que frequentam o 2.º ciclo. É que, em termos de praxe, ambos os ciclos passam ser vistos como um todo.Durante o período de discussão do novo código, o Conselho de Veteranos regeu-se por dois princípios: “Quisemos recuperar graus hierárquicos antigos e, por outro lado, manter o espírito irreverente da praxe”, disse ao DIÁRIO AS BEIRAS João Luís Jesus, dux veteranorum da Universidade de Coimbra (UC).“Parequedista, caloiro (nacional e estrangeiro), semi- -putos e puto” são os títulos que se mantêm. Nos “pastranos” há “questões de pormenor que alteram a hierarquia com a retirada de alguns direitos”, referiu.Os estudantes do 1º ciclo de cursos de três ou quatro anos, que tenham o mesmo número de matrículas, passam ser “candeeiros” (grelados ou fitados). “Trata-se de um termo hierárquico do século XIX que quisemos recuperar”, esclareceu o dux. O novato será aquele que vem para a Universidade de Coimbra frequentar apenas o 2.º ciclo. “Está sujeito aos mesmos direitos e deveres que os caloiros estrangeiros durante o primeiro período da praxe”, frisou.Segue-se a categoria de “Bacharel” para todos aqueles que não tenham terminado o 1.º ciclo nos anos previstos e que tenham usado insígnias pessoais. Os alunos matriculados pela primeira vez no 2º ciclo (ressalvando a condição de “Novato”) adquirem o título de “Bolognez”. Uma designação que, de certa forma, perpetua o processo de Bolonha. “Daqui a 20 anos ninguém se vai lembrar desta reforma, a não ser através praxe”, sustentou João Luís. O título que se segue pretende “homenagear uma grande reformador da Universidade de Coimbra: o Marquês de Pombal”, adiantou. Pertencem à categoria de “Marquez”: os estudantes que, por terem sido caloiros estrangeiros ou novatos, não podem passar à categoria de veteranos. Ou aqueles que, tendo duas matrículas no 2º ciclo, não estão em condições de terminar o curso.Até agora, os veteranos eram todos aqueles que tivessem mais matrículas do que as agora, necessárias para terminar o curso. Agora, o aluno só ascende a esta categoria se estiver no último ano do 2.º ciclo (ou mais matrículas) e se já tiver usado as insígnias pessoais. Significa que só pode aceder a esta categoria o aluno que tiver sido estudante do 1.º ciclo na Universidade de Coimbra. Para além de todas estas mudanças, o código introduz mais alterações à praxe (ver caixa). “Isto não é uma revisão, é uma reestruturação porque vamos ter um código completamente novo, baseado nos princípios e na tradição que existe”, esclareceu João Luís Jesus.“Não vamos alterar os princípios praxísticos subjacentes à tradição da Universidade de Coimbra mas vamos adaptá-los aos tempos modernos”, acrescentou.

Colete proibido para as mulheres

O novo Código da Praxe não permite que as raparigas usem o colete quando envergarem o traje académico. Na última revisão do código, o uso desta peça passou a ser facultativo para as mulheres, porém, o Conselho de Veteranos achou agora que devia proibi-lo. “Chegámos à conclusão que a uniformização pretendida não estava a funcionar. Havia mulheres que o usavam e outras não. Por isso, decidimos proibir o seu uso”, esclareceu o dux veteranorum.Na formação das trupes também passa a haver novidades. A partir da próxima sexta-feira, haverá uma maior regulamentação em termos de funcionamento das trupes. “Foi, para tal, criado um novo mecanismo de controlo. Agora, as trupes, ao sancionar alguém, são obrigadas a entregar um documento, dizendo quem foi sancionado e quem aplicou a sanção. Sem esse documento, que só pode ser obtido no Conselho de Veteranos, as trupes são ilegais”, frisou João Luís Jesus.Também nos julgamentos de praxe passa a ser obrigatória a presença de uma pessoa nomeada pelo CV exclusivamente para o efeito.

Diário As Beiras