in Diário Coimbra: “Balanço do mandato é extremamente positivo”

Que balanço fazes do mandato? Que houve de mais e de menos positivo?
Quando fazemos aquilo a que nos propusemos temos que considerar que o balanço é extremamente positivo. Como ponto mais positivo é inevitável referir a inauguração do campo de Santa Cruz, uma obra muito importante para a Academia, com grande potencial para a cidade. Destaco também o reatar de relações com a reitoria. Todas as nossas actividades tiveram, sempre que possível, a colaboração da Universidade de Coimbra (UC). No contexto do Processo de Bolonha há também um marco, que é o do atleta-estudante. Há quase dez anos que andávamos a tentar conseguir um estatuto desta natureza. O ponto mais negativo, não tendo nós culpa directa, foi a não vinda da banda Sugababes à Latada, que não nos permitiu ter a festa que projectámos.
Em relação ao processo judicial movido contra as Sugababes, por alegada quebra de contrato, existe alguma novidade?
O assunto vai ficar nas mãos da próxima Direcção-Geral. Está um processo totalmente pronto para entrar em tribunal. O nosso objectivo é chegarmos a um acordo, se não conseguirmos o processo seguirá para tribunal.
O que fica por fazer?
Com muita pena minha não foi possível revitalizar os jardins da AAC. Para este passo era preciso concretizar umas obras, que estiveram embargadas desde 2006. Conseguimos desembargar e por muito pouco não somos nós a inaugurar o bar dos jardins. Mas deixamos claramente as bases, com um novo acesso directo ao jardim. E não tenho qualquer dúvida que o bar estará pronto dentro de 15 dias, três semanas.
Para além do campo de Santa Cruz, outro compromisso assumido foi lutar por uma Academia de Causas. Foi concretizado?
Não tenho a mínima dúvida que foi. O projecto não se ficou num mero slogan. Tivemos acções todo o ano, no campo da intervenção cívica, solidariedade e ambiente. Uma Academia de Causas é uma Academia que, por exemplo, tem estudantes que dão determinados livros para outros países, que faz a maior recolha de medula óssea que já foi feita na Universidade de Coimbra e que procura lutar pela reinserção social, com iniciativas culturais e desportivas na prisão.
E em relação às saídas profissionais, o empreendedorismo e a acção social?
A AAC teve de procurar alterações no Código Laboral e a reivindicar na rua, contra a precariedade. Assinámos protocolos, tivemos a maior Feira de Emprego alguma vez realizada em termos do número de empresas e fizemos sessões de recrutamento em todas as faculdades, o que deu frutos. No empreendedorismo, sempre com a UC como nosso parceiro-âncora, tivemos iniciativas como o “EDAY”, o “Arrisca Coimbra 2008” e inauguramos um gabinete de apoio. Na Acção Social elaborámos um novo regulamento de atribuição de bolsas para se promover uma verdadeira justiça social. Prestámos um serviço directo aos estudantes, com o certificado de habitabilidade, que atingiu este ano um sucesso inédito. Fizemos um levantamento dos problemas das residências e tivemos iniciativas para as equipar. Desenvolvemos o projecto “Lado a Lado”, inovador em Coimbra, para ajudar estudantes carenciados e combater a solidão dos mais velhos. Também estavam muitos estudantes em risco de prescrever na UC, mas criámos gabinetes de apoio e praticamente ninguém prescreveu.
Em relação ao Processo de Bolonha, o objectivo passou mais por minimizar prejuízos e maximizar potencialidades. Desistiu-se da contestação.
Temos que entender que hoje em dia o Processo de Bolonha é uma realidade. Vamos estar sistematicamente a contestar? Não! Efectivamente há coisas que não estão bem, mas temos que procurar minimizar estes problemas, dialogar com a reitoria, conseguir horários pós-laborais para trabalhadores-estudantes, aproveitando muito o suplemento ao diploma. Mas uma reforma desta natureza não se faz de um dia para o outro.
Apostaste em parcerias com várias instituições e colocaste quase diariamente a AAC nos jornais. Mas há uma parcela de estudantes que gostava de ver a AAC mais na rua, em manifestações, o que não aconteceu.
Sentimos um certo afastamento em relação a instituições e empresas e houve a preocupação de invertermos totalmente isso. Conseguimos colocar a AAC sempre a participar, a discutir, a evoluir. Agora, eu fui eleito pelos estudantes, com determinados objectivos. Numa escondi nada e sempre disse que ia privilegiar o diálogo. No entender desta DG e da Assembleia Magna, mesmo não sendo a mais representativa, houve todas as formas de luta este ano: de gabinete, de rua (como no emprego) e, mais no final do mandato, achámos que fazia sentido inovar na luta, com acções que criassem mediatismo. Por exemplo, as vacas no Cortejo da Latada criaram um impacto que se calhar nenhuma manifestação poderia criar se tivesse 50 ou 100 pessoas. Os estudantes perguntaram porque é que estávamos com vacas e conseguimos alertar para alguns problemas, como o financiamento e as residências. Há pessoas que dizem que não houve luta. Não! Houve é uma luta diferente, inovadora e criativa.
E assim conquistaste uma Academia mais unida e com melhores relações externas?
Acredito que sim. A questão da unidade da Academia foi uma bandeira do mandato. Entrámos com grande contestação das secções, mas conseguimos um equilíbrio organizacional entre secções, núcleos, DG e organismos autónomos. Assim conseguimos desenvolver a cultura e realizámos uma grande recepção ao caloiro, com a AAC a envolver-se pela primeira vez na recepção dos Erasmus. No desporto universitário tivemos os melhores resultados de sempre, com a reitoria e os SASUC a apoiar. Nesta altura há mais gente envolvida na AAC. A nível externo, acredito que conseguimos dar a imagem de uma AAC responsável, adulta e integrada na sociedade. Neste momento a AAC tem sempre uma palavra a dizer e é muito respeitada por todos.
Como deixas a casa ao teu sucessor, o actual vice-presidente Jorge Serrote?
Como é um projecto de continuidade ele está por dentro dos dossiers. A actual DG deixa uma casa arrumada, com muitas actividades já projectadas e que vão servir de base à próxima DG. Deixamos muitos problemas de contencioso já resolvidos. Acho que a próxima DG vai ter a vida facilitada e vai fazer um trabalho positivo.
O que farás agora do ponto de vista profissional? Passará pela política?
Assumi o compromisso de estar a tempo inteiro dedicado à Associação Académica e hoje em dia é complicado estarmos mais do que um ano. Temos que saber sair da AAC, mas nunca dizemos um adeus devido à envolvência que criamos, vamos estar sempre ligados. Agora a minha prioridade é acabar o curso de Economia com a maior brevidade possível. Em relação à política nunca escondi a minha filiação na juventude socialista, apesar de este ano o meu envolvimento ter sido nulo. Certamente que irei voltar, porque identifico-me com as pessoas que lá estão e com o trabalho que se vai realizando.
“Estamos a caminhar para uma estabilidade financeira”
Como está a situação
financeira da AAC?
A situação que encontrámos não foi a mais desejável, mas esta DG teve uma administração muito competente e rigorosa e que, por isso, não pôde acompanhar as secções culturais e desportivas e os núcleos como gostaria. Ao longo do ano tivemos a prioridade de diminuir ao máximo as nossas despesas e aumentar os nossos proveitos mensais. E conseguimos protocolos, por exemplo com a Vodafone ou a Toga, que vão criar uma estabilidade a médio prazo. No futuro, pelo menos nos primeiros meses, acho que a DG deve continuar com uma política de contenção. Acredito que a meio do próximo mandato já haverá estabilidade.
Portanto para já ainda não existe estabilidade. Mas o lucro da Queima das Fitas ajuda.
Estamos a caminhar para uma estabilidade financeira e com certeza que neste momento a Queima é muito importante para a AAC.
Face ao resultado financeiro da Queima das Fitas voltou a ser recentemente discutida em reunião camarária, por iniciativa do vereador Marcelo Nuno, a hipótese de se impor taxas.
Discordo profundamente e tenho pena que haja declarações dessa natureza. Quem diz esse tipo de coisas desconhece a realidade da Associação Académica. O dinheiro está todo distribuído pela cultura e desporto. Para representarmos todos os dias a cidade ao mais alto nível precisamos de apoios e por vezes nem sempre os apoios locais são os desejados, são os possíveis, e daí a importância que a Queima das Fitas assume. É a maior festa da cidade, com impacto turístico e muito importante para o comércio da cidade, uma referência a nível nacional e internacional e portanto comentários desses são desprezar os 121 anos de história que caracterizam a maior e a mais prestigiada associação de estudantes do país.
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