"Pardalitos do Choupal"
Associação Académica de Coimbra
Além do mais, do ponto de vista a que chegamos, aquilo a que muitos associados descrevem depreciativamente como “simples obrigação formal de apresentação de contas” torna-se a base de tudo o mais – a teoria, se não a única tarefa, de que toda a actividade associativa deverá ser superficial, não condicionada pela realidade mais profunda da situação económica, caso a que estaremos condenados a ser irrelevantes; a argumentação é a seguinte: quem tem o dinheiro tem o poder. Na prática, evidentemente, os sócios da AAC-OAF nunca confiaram plenamente na doutrina do seu poder interventivo, do seu poder preventivo. Como consequência, nunca se aperceberam do perigo inerente à não distinção entre pessoas e Instituição. Na verdade, haverá que assumir, haverá que reconhecer, haverá que assinalar que, enquanto a questão da solução directiva no passado exigiu uma solução pessoal, não é menos verdade que toda a «identidade» da AAC-OAF deveria ser concebida em termos de Instituição impessoal.
Acontece que a apresentação das contas do exercício económico, a sua discussão, é o único dispositivo conhecido por meio do qual podemos tentar protegermo-nos contra o endividamento descontrolado; é o controlo dos “governantes” pelos “governados”. A gestão levada a cabo pela Direcção, sem controlo dos associados no final de cada exercício, determinará que não haverá qualquer razão válida para que não use o seu poder político (eleição democrática) e económica de forma arbitrária, inclusive, com fins muito distintos da protecção do património – Sede dos Arcos e Pavilhão Jorge Anjinho são exemplos incontornáveis.
É este o meu exercício de conta-corrente, entre associado e Direcção, que tem um saldo que me é largamente favorável, já que referirei, mais especificamente, que o problema da apresentação, atempada, 30 de Setembro, é o problema do controlo da Direcção e da verificação das suas acções, isto é, essencialmente, um problema Institucional.
Em suma: Em registo de contra-corrente (sim, contra), haverá, ainda, ou alguma vez houve, espaço para nos responsabilizarmos pelo futuro da AAC-OAF? Se olharmos mais de perto para a própria indiferença que nos caracteriza, poderemos ver que a minha crítica radica na experiência; que a AAC-OAF nos oferece uma fuga das responsabilidades, passadas e presentes, para um paraíso futuro e fornece o complemento adequado desse paraíso – resultados desportivos –, acentuando com insistência o abandono do associado perante as denominadas forças económicas, esmagadoras e demoníacas do momento, a cada momento.
Lucílio Carvalheiro
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