"Pardalitos do Choupal"

Associação Académica de Coimbra

Vitor Santos,jornalista d' A Bola já falecido,foi o primeiro a chamar a Académica "Pardalitos do Choupal", em crónica ao jogo da vitória sobre o Benfica por 3 a 1 na época de 1961/1962

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Informações

Estádio Cidade de Coimbra

Estádio Cidade de Coimbra
Inauguração: 29-10-2003
Lotação: 30000


Ano da fundação: 03-11-1887
Rua Infanta D. Maria, 23 - 3030-330
Nº de sócios: 10336 (em 9/7/2007)
Internet: www.academica.oaf.pt

 

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quarta-feira, 17 de maio de 2006

A angústia, segundo Wim Wenders


Após o dramático empate frente ao Marítimo no ECC, conseguiu a nossa Briosa, a horas tardias e angustiantes, a manutenção entre os grandes do futebol nacional…
Tal desiderato foi alcançado nos últimos dez minutos da temporada, não obstante promessas directivas de que os nossos objectivos para a época finda eram outros e bem mais ambiciosos.
De facto prometeu-se um campeonato tranquilo, espreitou-se no discurso oficial a possibilidade de atacar a qualificação para a UEFA e de estar presente no Jamor.
Disse-se além disso que as saídas de atletas fundamentais da época anterior tinham sido colmatadas por outros de melhor qualidade e que a equipa no seu conjunto era a melhor das últimas décadas…
Às críticas ao excessivo e improdutivo recrutamento de brasileiros dos últimos anos respondeu-se com demagogia acusando de racismo e xenofobia todos quantos se questionaram como poderia um balneário com 14 atletas provenientes do Além-Atlântico representar em campo a mística da «velha senhora».
Ao desmesurado aumento do passivo traduzido no último Relatório e Contas, às preocupações a ele anexas pelo ROC e à posição cautelosa do Conselho Fiscal no parecer que o acompanhava, respondeu-se com os activos vendáveis, no pressuposto do lucro garantido e de que as finanças finalmente se equilibrariam com a venda de jogadores como Hugo Alcântara, Fernando, Zada, Lira, Danilo ou Luciano..
À falta de conclusão das infra-estruturas prometidas simplesmente não se respondeu, tornando-se quase risível a forma periódica como se anunciava o arranque da Academia Briosa XXI, sem que nela se visse de facto qualquer evolução significativa.
E tudo isto foi posto em equação, naquele domingo à tarde, quando Joeano colocou a bola na marca de grande penalidade, encarando o guardião Marcos com a responsabilidade pela saúde cardíaca de milhares de académicos, uns concentrados no ECC, outros espalhados pelo país e pelo Mundo e a acompanhar o jogo pelos meios disponíveis.
Pouco importa para o caso se o lance que deu origem ao castigo máximo que manteve a Briosa na I Liga foi ou não bem assinalado por Pedro Proença. Como não pude estar no ECC nessa tarde recolhi dezenas de opiniões contraditórias a esse propósito, o que aliás também aconteceu na leitura que fiz, no dia seguinte, da imprensa da especialidade.
O que importa é que o árbitro assinalou e que Joeano teve nos pés o nosso futuro colectivo…
Diria mesmo mais: o que conta é que Joeano teve sobre os ombros a responsabilidade de um projecto, cujas inúmeras falhas, erros, equívocos seriam disfarçadas pela tradução do remate em golo ou que cairia pela base, em caso de trágico falhanço…
Aquele momento dramático fez-me lembrar a famosa obra de Wim Wenders que se referia à angústia do guarda-redes, no momento do penálti.
Com a diferença de que essa angustia foi, nessa tarde, transferida para todos nós, para os milhares de almas académicas que olharam, sustendo a respiração, o remate de Joeano e explodiram de alegria, acto contínuo, perante o desfecho do mesmo…
Mas pergunto eu: e se o infatigável e abnegado avançado tivesse tido o azar de falhar o penálti? Seria a despromoção culpa sua? Ou seria ela da responsabilidade dos que traçaram a política desportiva, dos que sancionaram os critérios de recrutamento dos atletas, dos que deram o seu aval a investimentos no mínimo discutíveis e cujo retorno se não vislumbra?
A responsabilidade dos que, enfim, prometeram a estabilidade e a tranquilidade, para mais uma vez nos darem a aflição e a angústia de ver a nossa sobrevivência pendente da biqueira da bota do atleta que aceitou corajosamente a missão de nos representar a todos, num momento de vida ou morte?
São questões para reflectir…
E são tanto mais para reflectir, quanto mais de pretenda aproveitar este defeso para inverter esta lógica de dirigismo que arrasta a Briosa para uma banalidade sem precedentes, alicerçada numa ideia de modernidade e de adaptação ao futebol actual, que nem por isso nos tem trazido os dividendos alardeados, nem desportiva, nem financeira, nem socialmente…
Felizmente Joeano marcou e, além de uma indescritível e inolvidável alegria, deu-nos nova oportunidade de (re)construir a Briosa, nas condições ideais.
Não a desperdicemos, porque, sendo certo e sabido que os «milagres» não acontecem todos os dias, para a próxima os erros cometidos poderão ser-nos fatais, como fatais foram para Belenenses e Guimarães, que em contraponto com equipas mais modestas e de orçamento muito mais reduzido (vide Naval, Paços de Ferreira, Gil Vicente e Amadora), não evitaram o inferno da II Liga…
Mudemos pois a nossa política e ataquemos o futuro com a confiança de quem planeou, organizou e ponderou as suas opções, percebendo que a Briosa e a sua especial idiossincrasia nos impõem que a não encaremos como se de qualquer outra instituição se tratasse, reduzindo-a a números, a activos, a interesses empresariais e economicista.
A Briosa é uma causa, um especial modo de estar na vida, uma «ideologia» que, ao longo da sua história se inseriu no desporto nacional, de forma absolutamente «sui generis»…
Se querem que deixe de ser tudo isso, então chamem-lhe outra coisa qualquer…
E se houver novo momento de aflição chamem outra vez Joeano.
Para que demonstre que a angústia no momento do penálti é mesmo daquele a quem Wim Wenders a atribuía (o guarda-redes) e que, valha-nos a Rainha Santa (!), afinal os milagres ainda se repetem…