Conferência de Imprensa de José Castro

No seguimento de todas as declarações e críticas de que foi alvo, transcrevemos aqui, em primeira mão, o comunicado feito por José Castro, hoje, na conferência de imprensa que teve lugar às 12 horas no Hotel D. Luís.

«Srs. Jornalistas,

Começando por agradecer a presença de todos, quero referir que a iniciativa desta conferência de imprensa apenas se prende com o facto de o meu bom-nome, assim como o de outras pessoas a que estou ligado, ter sido colocado em causa, no contexto do processo da minha saída da Associação Académica de Coimbra.

Referir-me-ei pois a este assunto hoje e pela última vez, visto que considero que não devo perder mais tempo com a questão em causa, que não tem qualquer razão de existir.

No meu entender, todo o imbróglio noticiado publicamente nos últimos dias a propósito da minha saída da Briosa com destino ao Atlético de Madrid – e só a esse clube – apenas aconteceu por pretender o presidente da Académica justificar aos associados o injustificável.

Consequentemente, a partir de hoje optarei por não dar mais protagonismo a quem não o merece, por não ter a coragem de falar a linguagem da verdade e de humildemente reconhecer que errou.

Aliás, tanto eu como os meus representantes optámos, num primeiro momento por não responder às falsidades que começaram por ser ditas pelo presidente em plena Assembleia Geral de associados da Académica (em reunião do passado dia 26 de Maio), quer em relação a mim, quer relativamente ao decurso do processo de negociação em causa.

Entendi nessa fase não alimentar quaisquer polémicas, por respeito à instituição que servi durante 17 anos consecutivos, pela qual tenho enorme respeito e admiração e que jamais esquecerei ao longo da minha carreira profissional.

Apenas decidi quebrar este silêncio após a leitura cuidada do comunicado da Direcção da Académica publicado no site oficial do clube no passado dia 31 de Maio e a constatação factual das repercussões do mesmo ao nível da comunicação social e ainda no seguimento do processo disciplinar que me foi instaurado pela Direcção da Académica, decerto para falsamente justificar erros próprios, ignorando toda a dedicação, empenho e profissionalismo que coloquei na defesa dos interesses deste emblema durante mais de década e meia.

O citado comunicado está pejado de desvios factuais e de acusações e insinuações de carácter pessoal que ferem a minha dignidade enquanto brioso atleta desta secular instituição.

Conclui pois que perante tais factos não poderia ficar calado!

Feita esta introdução, passarei de seguida a rebater ponto por ponto aquilo que se afirmou no aludido comunicado, porque faço questão de que não fiquem dúvidas quanto à minha conduta e à conduta dos meus representantes em todo este processo:

1. É falso que tenha a Direcção da Académica, em Julho de 2005, dirigido a mim próprio ou aos meus representantes qualquer proposta no valor de 900.000 € para a prorrogação do meu contrato com a instituição por mais três épocas desportivas.
2. Até à data da Assembleia-Geral de associados do passado dia 26 de Maio, a única proposta que existiu por parte da Direcção da Académica para a renovação do meu contrato foi dirigida verbalmente ao meu representante, Nuno Rolo, aqui presente, perfazendo os valores em causa 360.000 euros líquidos em três épocas. O autor dessa mesma proposta foi o Engenheiro Luís Neves, vice-presidente da Direcção, à data chefe do departamento de futebol, dado que nas palavras deste para o meu empresário, o presidente se encontrava, nesse dia, ocupado com assuntos mais importantes, como lhe mandara transmitir.
3. Ora, entre a proposta verbalmente apresentada que já referi e aquela que consta no comunicado oficial do clube, vai uma enorme diferença. Aliás, se essa «suposta» proposta me tivesse sido apresentada à data, é certo que teria existido acordo, visto que nessa altura as minhas pretensões para a renovação por mais três anos eram significativamente inferiores a esse valor. Elucidativo, penso eu!
4. É também rotundamente falso e até desonesto afirmar que propusemos a quantia de 1 milhão e 250 mil euros para a citada renovação, tendo a nossa proposta, apresentada também verbalmente na mesma reunião, sido significativamente abaixo desse valor, e inclusive inferior à falsa proposta de 900.000 euros que a Direcção da Académica afirma ter formulado.
5. Falsa é também, por maioria de razão e em face das razões aduzidas, a ideia expressa no comunicado da Direcção, segundo a qual teria o meu representante, Nuno Rolo, chegado a um princípio de acordo com o Eng.º Luís Neves nessa reunião de 5 de Julho de 2005.
6. E porque nunca existiu tal princípio de acordo, muito menos alguma vez ocorreu a preparação do contrato correspondente para assinaturas ou o contacto do Sr. Presidente com o meu representante, Nuno Rolo, para marcação da data da cerimónia de divulgação pública da renovação do vínculo. Tais afirmações contidas no comunicado da Direcção da Académica são também falsas e merecerão, aliás como as demais que o documento contém, da minha parte, tratamento adequado.
7. Como facilmente se compreende nunca um contrato poderia ter sido elaborado nem uma cerimónia da sua divulgação agendada, sem que as premissas do mesmo estivessem definidas entre as partes, ou seja sem que houvesse entre os contratantes acordo sobre a definição das condições dele constantes.
8. Falsamente, afirma também o comunicado da Direcção da Académica que o Eng.º Luís Neves terá solicitado aos meus representantes uma reunião para desfazer o equívoco gerado, o que nunca aconteceu, pelo simples facto de que nunca existiu qualquer equívoco, mas apenas a apresentação e contraposição de propostas, qualquer delas bastante inferiores aos números que agora se alegam.
9. No comunicado da Direcção da Académica é-me também atribuída uma conversa com o Sr. Presidente presumivelmente relativa à tal falsa proposta de 900.000 euros em 3 anos, na qual eu teria dito e cito: “ Esses valores não aceito. Mesmo que os meus empresários tivessem dito que sim, sou eu que decido e não me interessa essa proposta.” Ora, tais afirmações não são mais uma vez totalmente verdadeiras e nunca foram por mim proferidas desta maneira, como aliás não poderiam sê-lo face a uma proposta inexistente, como acabei de demonstrar, e igualmente, face ao respeito e à consideração que tenho aos meus empresários. … Acrescento que no citado comunicado tal expressão aparece entre aspas o que demonstra bem até que ponto se chega para iludir os associados da Académica, denegrindo para esse efeito a minha imagem pública. Obviamente que tais condutas merecerão como já disse, da minha parte, o tratamento adequado…
10. Quanto à questão relativa à proposta de minha transferência para o estrangeiro, designadamente para um clube do futebol inglês que, no comunicado da Direcção da Académica, se diz nunca ter existido, nada melhor do que mostrá-la neste momento aos Srs. Jornalistas, visto que a tenho aqui comigo.
11. Aliás tal proposta foi mostrada na reunião de 5 de Julho pelo meu representante, Nuno Rolo, ao Eng.º Luís Neves, tendo sido a sua apresentação e discussão o verdadeiro motivo da reunião e tendo o representante da Direcção da Académica declarado que eu era um atleta inegociável.
12. Deixo pois claro que, pese embora na mesma reunião, só após o conhecimento dessa proposta tratou a Académica de fazer a primeira abordagem no sentido da renovação do meu contrato e que não foi sua a iniciativa de agendar a reunião, como deixo claro que não correspondem à verdade os números agora alegados, ao contrário da proposta do Wigan, que se dizia inexistente, mas que existe de facto, como já comprovei.
    

Esta é uma história verdadeira e por isso mesmo a única história que poderá contar-se acerca da minha saída da Académica. Tudo o mais que foi e venha a ser dito sobre o assunto que extravase ou negue as declarações aqui produzidas perante todos vós, é falso e retrata o carácter de quem quer justificar os seus erros e omissões à custa de falsidades que afectam directa e pessoalmente a minha imagem pública de profissional de futebol íntegro e académico dedicado.

E é justamente esta minha última condição que, encerrando o caso, me impõe que o faça, dirigindo-me por último aos muitos associados e simpatizantes da Académica.

Espero que todos compreendam a minha posição e tenho a certeza que sabem que falo verdade! Agradeço todo o apoio e carinho que recebi durante todos estes anos, sinto um orgulho enorme por ter chegado onde cheguei no meu clube do coração e despeço-me de todos vós com o desejo de levar o nome da nossa cidade e do nosso clube o mais longe possível ao longo da minha carreira.

José Castro»

Após a leitura do comunicado, José Castro deu a palavra aos seus empresários para, assim, evitar a apropriação e deturpação das suas palavras por outras entidades. Algumas perguntas foram colocadas pelos jornalistas presentes, mas que nada acrescentaram ao que houvera sido dito pelo jogador.
A conferência terminou com a apresentação dos documentos que comprovam a proposta contratual levada a cabo pelo Wigan.

Em nome dos Pardalitos do Choupal deixo aqui o nosso obrigada ao Zé por tudo o que deu à nossa Briosa e renovo os votos da maior sorte do mundo para o seu percurso no Atlético de Madrid que, com toda a certeza, seguiremos com todo o carinho.