"Pardalitos do Choupal"

Associação Académica de Coimbra

Vitor Santos,jornalista d' A Bola já falecido,foi o primeiro a chamar a Académica "Pardalitos do Choupal", em crónica ao jogo da vitória sobre o Benfica por 3 a 1 na época de 1961/1962

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Estádio Cidade de Coimbra

Estádio Cidade de Coimbra
Inauguração: 29-10-2003
Lotação: 30000


Ano da fundação: 03-11-1887
Rua Infanta D. Maria, 23 - 3030-330
Nº de sócios: 10336 (em 9/7/2007)
Internet: www.academica.oaf.pt

 

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segunda-feira, 19 de junho de 2006

Zé Castro em entrevista ao Diário de Coimbra



Não teria mais para evo luir na Académica
Há quem defenda que deveria permanecer em Coimbra ao serviço da Académica e adiar para outra altura o salto para Espanha, mas Zé Castro, aos 23 anos, discorda totalmente dessa ideia. Com uma personalidade bem vincada, o central internacional sub-21 entende que não podia recusar a proposta do Atletico de Madrid, até porque esta é a «altura certa para sair». Fechando--se em copas quanto ao processo disciplinar que a direcção academista lhe moveu recentemente, o jogador dá ainda algumas pistas sobre aquilo que seria positivo para o futuro da Briosa, um clube que serviu durante 17 anos… ininterruptamente

Diário de Coimbra (DC) – Depois de tantos anos na Académica o que lhe vai neste momento na alma?
Zé Castro (ZC) – Sinto uma felicidade imensa por poder representar um grande clube de Espanha. Como é óbvio ficarão para sempre gravados na minha memória os anos fantásticos que passei ao serviço da Académica. Vou ter muitas saudades dos amigos que vou deixar em Coimbra. Mas a vida profissional de futebol é mesmo assim e aquilo a que me propus era tentar subir na carreira de uma forma tranquila. Julgo que chegou a altura de encontrar uma nova realidade. Tenho consciência de que não vai ser fácil, mas vou tentar adaptar-me o mais rápido possível para que as coisas me possam correr bem.

DC – Não é muito normal um jogador que actua na Académica – um clube que não tem a projecção dos três “grandes” – dar um salto para um clube desta envergadura. O que terá contribuído para isso? Só a Académica ou também a selecção de sub-21?
ZC – Penso que foram as duas coisas. A conjugação desses factores levaram a que o Atletico reparasse em mim. De facto, a Académica não luta por objectivos muitos altos, mas o Atletico esteve de olho em mim e os jogos que fiz na selecção também me ajudaram bastante. E julgo que tudo isto fez com que reparassem em mim e contem comigo para a próxima temporada. Tive outras propostas de clubes estrangeiros, mas esta foi a mais aliciante. Senti que podia ser bom para mim e não estou nada arrependido da opção que tomei.

DC – Houve um forte interesse de outros emblemas estrangeiros e portugueses. Entre tantas hipóteses, o que fez o Atletico de Madrid ganhar a corrida?
ZC – O aspecto financeiro conta bastante, mas no meu caso é muito importante nesta altura conciliar outra vertente. Desportivamente é uma equipa que tem condições de trabalho fantásticas, demonstrou muito interesse em contar comigo – e isso é muito importante – deixando-me muito sensibilizado.

DC – O facto de alguns jogadores portugueses, no passado, terem representado o Atletico intimida-o de alguma maneira?
ZC – Não me intimida de forma alguma. Passaram jogadores de muita qualidade no clube. Alguns singraram outros não o conseguiram porque o futebol é mesmo assim. Sinto-me muito orgulhoso por ser um jogador do meu país a representar o Atletico de Madrid e ajudar a que o nome do Portugal seja levado a patamares cada vez maiores.
DC – O facto de Futre o ter elogiado deixa-o orgulhoso?
ZC – Conheço pessoalmente o Futre. Fico muito satisfeito por um futebolista com um passado fabuloso no Atletico ter dito essas palavras e só espero não defraudar as expectativas. Tudo farei para evoluir cada vez mais e ajudar o clube. Tudo o que vier, a partir daí, será bom. Aos 23 anos não posso ainda ser um jogador na plenitude das minhas capacidades, ainda para mais na minha posição, onde a experiência é um factor fundamental. Estava na altura de dar o salto. É a primeira vez que em 17 anos saio da Académica e logo para fora. Acredito que numa fase inicial possa estranhar um pouco, mas sou uma pessoa forte e vou conseguir o mais depressa possível adaptar-me para que as coisas corram da melhor forma. Quero estar preparado para este grande desafio.

DC – Há opiniões divergentes quanto à opção que tomou, uma vez que há quem defenda que devia ter permanecido na Académica.
ZC – Se estivéssemos a falar disso no final da temporada passada mesmo não concordando plenamente podia dar o benefício da dúvida e considerar que mais uma temporada na Académica me faria evoluir com a pressão positiva do professor Nelo Vingada. Nesta época não posso concordar minimamente com isso. Chegou a altura de dar um novo rumo à minha carreira. Não teria mais para evoluir na Académica. Chegou ao fim o ciclo na Académica. A vida de profissional de futebol é muito curta e há que tomar decisões. Ninguém sabe quando toma as decisões se elas são as mais correctas ou não, mas eu nunca tomo decisões precipitadas. Confio bastante nas minhas capacidades, tenho uma personalidade forte e se eu jogar toda a gente vai dizer que foi bom e, nesse caso, as coisas até poderão correr mais rápido do que se pensava. Se não jogar irão dizer que não foi a melhor opção. Mas um jogador de futebol tem de estar preparado para as críticas e eu estou preparado para tudo.

DC – Está preparado para sofrer no caso de não jogar tão assiduamente?
ZC – Venho para o Atletico de Madrid para jogar. Não sou uma pessoa feliz só por fazer um contrato de cinco temporadas. Se não jogar não me sinto nem de perto nem de longe contente comigo mesmo. Sei que as coisas podem não correr de início da melhor forma, mas tenho de ter força para ultrapassar isso. É muito importante quando uma pessoa tem cons-ciência das suas capacidades, apesar de ainda ter muito para evoluir. Faz com que não se passe de 8 para o 80 de um dia para o outro. Nunca me achei o melhor, nem nunca me achei o pior.

DC – Estamos a falar de um plantel recheado de internacionais?
ZC – Cheio de internacionais. Sigo muito a liga espanhola e a maior parte das equipas conta com jogadores internacionais e com valor. Mas se o clube insistiu na minha contratação e acha que tinha valor para vir para aqui, então também vou ter de demonstrar isso mesmo. Tenho muita ambição e vou preparar-me da melhor forma.

DC – Estando no Atletico de Madrid será mais fácil chegar à selecção A?
ZC – Em termos de selecção o único objectivo a que posso aspirar é a selecção A e estando no Atletico será mais fácil do que se estivesse, por exemplo, na Académica, como é óbvio. Mas se não jogar, não trabalhar, não me dedicar todos os dias para que isso aconteça, as coisas com certeza não cairão do céu. Se jogar, as coisas me correrem bem e amadurecer um pouco mais penso que poderei atingir o objectivo que tenho que é jogar na selecção principal de Portugal.

DC – Na Académica nem sempre os jogadores da casa são os mais acarinhados. Concorda?
ZC – Não é só na Académica que isso acontece, julgo que isso sucede praticamente em todos os clubes portugueses. Em Portugal ainda existe uma mentalidade um pouco errada. Os jogadores da casa são, maioritariamente, preteridos em função de outros que chegam de outros países e clubes. Em Portugal isso é o pão nosso de cada dia. Na minha opinião, julgo que devia cultivar-se outra mentalidade e isso seria muito importante porque os clubes portugueses, neste momento, não têm condições financeiras que permitam contratações de jogadores a todas as horas e, por isso, devem apostar nos escalões de formação. Como é lógico nenhuma equipa pode ser formada de um momento para o outro por 11 jogadores da “cantera”, mas tendo dois, três ou quatro jogadores como apostas era importante. Mas para isso era fundamental ter uma boa estrutura para que os jovens trabalhem bem, como, de resto, acontece noutros países. O jogador, desde cedo, tem de ser seguido atentamente, porque no futebol não é preciso só ter qualidade. É necessário ter cabeça, é preciso saber o que está certo e o que está errado e um jovem, hoje em dia, é muito importante, logo desde o início, ter o devido acompanhamento.

DC – A Académica fez uma forte aposta no mercado brasileiro, mas é curioso que no derradeiro desafio do campeonato apresentou um “onze” com diversos jogadores provenientes da formação.
ZC – É verdade que tivemos vários jogadores da formação e nesse aspecto o contributo do mister Nelo Vingada foi precioso. É uma pessoa que tinha um passado nas selecções mais jovens de Portugal e pode ajudar muito os jogadores jovens. Um jogador jovem não é só metê-lo dentro de campo com uma bola. É preciso ser acarinhado e ter uma estrutura forte na rectaguarda, porque é uma grande mudança passar dos escalões jovens para o futebol profissional. Eu senti um pouco essa diferença, aprendi e convivi com isso. Se houver uma estrutura que permita ao jogador adquirir ao longo do tempo esses conhecimentos, o rendimento quando chegar ao futebol profissional pode, logo à partida, ser fantástico. E a Académica pode tirar partido disso. Nesse particular, tenho pena que da equipa da minha altura ter sido o único a sair para o futebol profissional e fico um bocado triste porque havia jogadores com qualidade que estão em divisões abaixo ou já deixaram de jogar. Se a Académica trabalhar bem na área da formação será muito importante para o futuro do clube. Será também fundamental ter um bom balneário. E a Académica tem de alimentar muito isso.

DC – A Académica tinha um bom balneário?
ZC – Quando existem jogadores de algumas nacionalidades é preciso que todas as pessoas tenham uma personalidade forte, que permita saber diferenciar as coisas e não misturar companheirismo. Não existe uma amizade entre todos os jogadores de futebol, mas companheirismo tem de existir e a ajuda mútua no trabalho tem de existir. É muito difícil um jogador singrar sozinho. Se a equipa funciona mal é muito difícil um jogador funcionar sozinho. É raro um jogador evidenciar-se numa equipa que não funciona como equipa. Os jogadores da Académica têm de compreender que é muito importante respeitarem-se mutuamente. Pode não haver uma grande amizade – existem sempre grupos de amigo como é óbvio, mas não grupinhos que tentam destabilizar -, mas desde que haja respeito... Na minha opinião julgo que é preciso ter qualidades humanas e desportivas para jogar na Académica.
DC – Mas era problemático o balneário?
ZC – Dizer aquilo que é um balneário problemático ou não é complicado para mim. Ainda não passei por tantos clubes assim que me permitam dizer aquilo que é um balneário complicado ou unido. A Académica teve os seus problemas como qualquer equipa tem, mas principalmente o objectivo a que a Académica se propôs – pelo menos era aquele que eu tinha – foi alcançado e passava pela manutenção. A Académica não pode depois de estar duas ou três épocas consecutivas a lutar para não descer até à última jornada, de um momento para o outro, querer chegar à Europa. É muito complicado. Pode haver um ano em que isso aconteça, mas é muito difícil. Considero que é melhor criar uma estabilidade inicial e, paulatinamente, ir ganhando o seu espaço. Mas em relação ao balneário julgo que em todos os grupos existem pessoas com melhor ou pior coração e que se ajudam mais umas às outras. Isso acontece em todos os clubes e a Académica não foge à regra. Há que saber lidar com todas estas situações e para bem do clube conseguiu-se o objectivo final, embora muito sofrido. Não se pode fazer da Académica, de um momento para o outro, um clube grande em termos de resultados desportivos. Vai ter de a pouco e pouco manter-se na Liga de uma forma mais firme, ser um emblema mais respeitado e se conseguir essa estabilidade daqui a algum tempo pode ser um clube a ter em conta no campeonato português. Tem, no entanto, de evoluir principalmente nas infraestruturas e na sua estrutura. Nesse aspecto o Sp. Braga é um exemplo.

DC – A Académica terá sido também um pouco vítima da boa ponta final que fez na temporada transacta?
ZC – Penso que sim. Criaram-se expectativas exageradas. O ano passado estivemos 12 jogos sem perder. Era capaz de apostar no início desta temporada que seria muito difícil repetir a façanha de estar 12 jogos sem perder. E analisando as coisas conscientemente era uma coisa dificílima de acontecer. O meu objectivo pessoal, no início de época, passava pela Briosa alcançar a manutenção de uma forma mais estável, mas neste caso não consegui atingir plenamente esse propósito. Mas, ao fim e ao cabo, o objectivo foi alcançado.

DC – Quem pagou a factura foi o treinador…
ZC – É uma pessoa extraordinária com o qual tinha uma óptima relação. Falo com ele bastantes vezes e só tenho a dizer bem. Conseguiu duas épocas consecutivas a permanência da Académica na Liga e as pessoas não se podem esquecer disso. Conseguiu-se um ano a manutenção e no ano a seguir basta uma ou duas pessoas falarem que se vai lutar para a Europa e toda a gente cai nesse engodo e quem se acaba por prejudicar principalmente é o treinador ao não conseguir esse objectivo. As coisas deviam ter sido feitas com outra tranquilidade, mas o mister Nelo Vingada procurou fazer o melhor possível. Não tenho nada de negativo para dizer sobre ele. Espero que tudo lhe corra bem daqui para a frente. Nunca o irei esquecer, tal como outras pessoas que foram importantíssimas na minha carreira.

DC – Apesar de sair por opção própria não sente alguma mágoa por aquilo que se passou nas últimas semanas?
ZC – Como é óbvio terá de existir alguma mágoa. Embora vá para um sítio fantástico, tenho de sair com alguma mágoa. Sempre acreditei no meu valor e era a altura certa para sair. Achei que tinha chegado a altura. Foi assim que aconteceu, se calhar de uma forma triste, mas sou profissional e tenho de levar as coisas para a frente. Estou satisfeito pela opção que tomei.



* Jornalista: Ricardo Sousa